terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

NÃO TE QUERO







(Luiz Henrique Prieto)






Não te quero bibelô...

que depois de me divertir, guardarei na prateleira, junto com outros brinquedos que outrora me deram prazer e diversão.



Não te quero pedaço de carne...

exposto em ganchos, que depois de muito mastigar, atirarei num amontoado de tantas outras carnes, as quais, outrora suculentas, tornarem-se insossas.



Não te quero com mentiras...

feito aquelas outras tantas que usei para atrair, seduzir e enganar corações desavisados.



Não te quero feito bichinho de estimação...

que quando a gente cansa, enxota com um pontapé, seguido de um sonoro "sai prá lá!".


E, quando sozinho,

basta um "vem com o papai", prá ficar tudo bem outra vez.



Quero brincar com você...

mas de sonhar e fazer planos, correndo, mãos dadas, pela grama verdinha.



Quero tua carne...

mas para saboreá-la, demoradamente, como quem aprecia uma rara iguaria.



Lentamente.



Uma.



Duas.



Três.



Infinitas vezes...



Admirando cada minúsculo pedaço do teu corpo,

com voracidade, mas tendo a preocupação de, ao mesmo tempo, preservá-la tenra e saborosa.



E, ainda que o tempo se encarregue de desgastá-la,

temperos e condimentos haverão de torná-la sempre deliciosa ao meu paladar.



Te quero...


com todas as verdades, por mais doídas que sejam.



Que não haja meias-verdades,

entrelinhas, coisas no ar, reticências...



Que doam...


mas que doloridas sejam e que não haja espaço para mentiras e enganos, que estilhaçam a confiança e dilaceram o coração.



Te quero sim...


feito bicho de estimação.



Não para enxotá-la!



Mas para acarinhar, pegar no colo.



Deitar juntinho no sofá,


ficar quietinho ao seu lado, quando triste estiver.



Fazer festa quando você chegar.



Mostrar os dentes quando alguém te ameaçar.



Te guiar na escuridão.



Não te quero objeto.



Te quero mulher.



Por completo.



Com os teus erros e acertos.



Te quero, Letícia.

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