(by Luiz Henrique Prieto)
E Agora, Seu ZÉ?
A Copa acabou,
O holofote apagou,
A mídia sumiu,
O fogo esfriou.
E Agora, Seu ZÉ?
Quem você é?
Se dizia ativista,
A mídia sumiu.
Você sumiu da pista.
Sumiu seu protesto.
E Agora, Seu ZÉ?
A PEC caiu.
A tarifa caiu.
E parou por aí.
Cantou sua vitória,
Mas não viu a manobra.
E Agora, Seu ZÉ?
Sua carapintada,
Foi bonita de ver.
Mas, Seu Zé,
A maquiagem caiu.
Está (sempre esteve) sem foco.
Está sem platéia.
Está sem idéia.
Já não pode protestar
(protestar contra o que mesmo?)
Já não tem atenção
(Protestavas a esmo)
Com cartazes nas mãos,
Com milhares nas ruas,
Quis fazer revolução,
Mas não sabia fazer.
E Agora, Seu ZÉ?
Acreditou que oprimia o Governo,
Mas o Governo sempre ria dos gestos,
Quis oprimir o futebol,
Mas não oprimiu o próprio grito de gol.
E Agora, Seu Zé?
Quer protestar mais.
Mas já não tem ideais.
Quer depor o corrupto,
Mas tem acesso a cultura
Com sua carteira de estudante fajuta.
Quer acabar com a hipocrisia,
Mas, deitado em berço esplêndido,
Repousa, assistindo o lançamento,
Num DVD pirata comprado ali na esquina.
Seu ZÉ quer explicações
Sobre o desvio de verbas.
Mas não explica, Seu Zé,
O troco a mais recebido
E enfiado no bolso, calado.
Quer uma País mais sério.
Mas vota em protesto,
No candidato-palhaço
Quer um mundo mais justo.
Mas finge dormir,
Para não dar lugar ao velhinho.
E Agora, Seu ZÉ?
Que não faz nada da vida.
Mas acorda ao meio-dia,
Para fechar a vida,
E atrapalhar as vias,
De quem realmente madruga.
E Agora, Seu ZÉ?
Quer mudar o País?
Pois arranje uma enxada
E capine, dia-a-dia,
O seu próprio sustento
E Agora, Seu Zé?
O "Gigante" acordou
Deu show, fez "Olé!"
E Agora, acrescento
Ao seu nome, MANÉ!