(Luiz Henrique
Prieto)
Vivo de restos,
Miserável que sou.
Daquilo que os outros descartam.
Ou porque já estão satisfeitos.
Ou porque se cansaram de usar.
Restos de afetos.
Sobras de carinhos.
Farelos de ternura.
Migalhas de amor.
Me sinto usado.
Sujo.
Fedido.
E fodido.
Interesses?
Somente os alheios!
Não se importam em machucar o meu puro e inocente
coração!
Pisoteiam.
Estraçalham.
Sapateiam um samba-enredo,
De salto agulha,
Sobre o meu esfarrapado coração
Escarnecem.
Cospem.
Fazem troça do mendigo afetivo.
Que lhes estende os braços,
Na doce ilusão de ser acolhido...
Eu, pobre maltrapilho.
Pedinte de afeto.
Restos e raspas, me interessam.