(por Luiz Henrique Prieto)
Resumindo a história: Dédalo, pai de Ícaro, projetou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem.
Ficaram tão perfeitas, que confundiam-se com as verdadeiras, o que possibilitou a ambos escapar da prisão, decretada pelo Rei Minos.
No entanto, Ícaro ignorou as recomendações do pai, e voou cada vez mais alto, inebriado com a sensação de liberdade e poder.
No entanto, os raios do Sol derreteram a cera, e Ícaro despencou, num abismo sem fim.
Más influências.
Más companhias.
Um casamento conturbado.
A perda de um filho, no terceiro mês de gestação.
Princípio de infarte.
Depressão.
Advertência escrita no trabalho, por má conduta.
A intimidade devassada e gritada aos quatro ventos.
Vizinhos boquiabertos.
Vergonha.
O pesadelo das drogas assolando parentes próximos.
Projetos inacabados.
Vida sem rumo.
Creio eu que, a maioria das pessoas que passasse por pelo menos metade dos problemas acima elencados, veria-se arruínada, num poço sem fundo, ou envolta num lodaçal de areia movediça.
No entanto, esse Ícaro que escreve, deixou-se cair, em queda livre, sem tentar agarrar-se a qualquer coisa que lhe aparecesse no caminho.
E, quando achou que a queda jamais terminaria, surgiu uma mão delicada, que lhe fez pousar em sua palma.
A princício, a mão interrompeu a queda.
Mas, pouco a pouco, fez muito mais.
Fechou-se em concha, protegendo Ícaro de toda a sorte de maldades que quisessem lhe atingir.
Ícaro perdeu a noção do tempo e do espaço.
Não sabe ao certo quanto tempo permaneceu protegido, pela mão em concha.
Mas tem certeza que foi o suficiente para recuperar, ainda que de maneira frágil, a firmeza do corpo e da alma.
Foi o suficiente para tentar colocar-se de pé.
Primeiro, de joelhos.
Depois, levantando vagarosamente, até que o corpo se aprumasse.
Mas ainda sente que os joelhos estão fragilizados, mal suportando o peso do corpo.
Então, curva-se, como um ancião, apoiado em uma bengala.
Graças à medicina humana e ao tratamento oferecido pelos anjos, Ícaro vem recuperando, dia a dia, a confiança para voltar a ter os pés no chão e os sonhos no Alto.
"Como é que você reage às quedas que sofre na vida?
Como é que você administra os fracassos?
Não há receitas mágicas que nos façam vencer os obstáculos.
Mas ouso dizer que há um jeito interessante de olhar para as quedas que sofremos.
É só não permitir que elas sejam definitivas.
É só não perder de vista a primavera que o outono prepara.
Administre bem os problemas que você tem, não permita que o contrário aconteça.
Se você não administrá-los, eles administrarão você.
Deus lhe quer vencedor, a vitória já está preparada feito o presente que está embrulhado e que precisa ser aberto.
Não perca tempo!
Já começou vencer aquele que se levantou para recomeçar o caminho".
(...) O teu Deus te espera, quer fazer primavera, do inverno que é teu!
Levanta-te !
(O trecho em itálico faz parte da canção "Levanta-te", de autoria do Pe. Fábio de Melo)
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