(by Luiz Henrique Prieto)
Às vezes, apostamos no alheio, na esperança de fazer surgir ali algo forte, puro, verdadeiro.
Começa com uma troca de olhares.
Depois vem um despretensioso "oi".
Daí a pouco, os diminutivos.
Surge a necessidade, quase cotidiana, de dar ou receber algo de bom ao outro.
Como num flerte juvenil.
Feito antigamente, quando namoro entre crianças limitava-se a andar de mãozinhas dadas.
A expressão máxima do amor era representada por um abraço sincero, regado a beijo estalado na bochecha.
Amor infantil, puro, verdadeiro.
Sem coisas materiais.
Sem posses ou cobranças.
Apenas a feliz necessidade de estar ao lado de quem se gosta.
E o gostar, não raras as vezes, confunde-se com amar.
Embora o amor, na sua máxima plenitude, esteja muito acima do amor adâmico, amor carnal, amor homem-mulher.
Amar.
Querer o bem alheio, incondicionalmente.
E por medo de amarmos infantilmente, estragamos uma possível bela amizade.
O olhar alheio e a língua ferina dos mal amados, aliados ao filtro errado, certamente produzirão naquele casal de crianças a falsa impressão de um romance libidinoso.
Às vezes, somos traídos, pegos de surpresa, pelos próprios sentimentos.
Pernas trêmulas, coração aos pulos, nó na garganta.
Amor?
Sim!
Amor-essência, entre estranhos que até então, mal se conheciam.
Mas que descobrem, casualmente, outras maneiras de despertar novas sensações.
Passada a adrenalina do pré-encontro, vem a sensação de estar nas nuvens.
E, como num ciclo vicioso, a necessidade do bem estar aumenta cada vez mais.
Vicioso, como endorfina.
Injetada na veia, a boa sensação surge, quase que instantaneamente, como num abraço.
Infelizmente, o efeito não é duradouro.
Daí, a necessidade absurda de doses cada vez mais intensas.
E, como em todo vício, quando a substância principal é retirada, vem a abstinência.
Alguns sobrevivem, outros não.
Muitos sofrem, em demasia.
Poucos buscam novas fontes de obtenção do prazer.
Raros os que apenas sorriam, ainda que um sorriso triste, ante a incompreensão.
E seguem, em frente...
"Caí, no chão não fiquei.
Me vergo, suporto, levanto.
Sou forte, sou feito
Madeira de Lei".
Nenhum comentário:
Postar um comentário