quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

RELACIONAMENTOS

(por Sandra Maia)

É nas relações que nos encontramos e também nos perdemos.

É, o amor deveria mesmo libertar, fazer-nos mais.
Mais felizes, mais íntegros, mais possíveis - mais por muito mais tempo...

A questão é que enlouquecemos no durante - o que elimina as possibilidades de chegarmos ao relacionamento saudável.
O fim chega muito antes...

Você vai concordar comigo: todo início de relação é mágico.
Ficamos mais bonitos.
Mais vaidosos.
Mais atraentes.
Fazemos-nos melhor em todos os sentidos.

Isso quer dizer que nos encontramos!
Entramos naquela fase de encantamento.
Vale frisar: esse encontro traz consigo liberdade, amor, força, tudo o que nos afasta do medo, da ilusão, do ego...

Ok! É também verdade que além de nos amar mais, vamos amar ainda ao outro a nova condição, a relação e todas as suas oportunidades.
Tornamo-nos deslumbrantes. E isso é explicado até mesmo pela ciência. Quimicamente, nosso organismo passa por uma série de transformações quando nos apaixonamos, que contribuem para o brilho.


Problemas
A questão é que, com o tempo, deixamos de focar em nós.
No que nos faz bem.
No que nos tranqüiliza e nos preenche com essa sensação de liberdade - de poder, de realizar.

Aos poucos, de forma inconsciente, deixamos tudo isso de lado para tentar entender o outro. Viver a vida e o sonho deste.
Amá-lo a um custo que, dificilmente, vamos poder pagar - o preço é a nossa vida, nossos sonhos, nossos valores.
Então problemas à frente.

Na relação e conosco.

Conosco porque perdemos a oportunidade de nos manter íntegros.

Desbotamos.

Perdemos a cor.

Deixamos de ficar atraentes para o outro e para nós mesmos.

Anulamos-nos em função de um algo que entendemos ser maior que nós mesmos: A RELAÇÃO.


Pra baixo
E, nesse caminho, com passagem direta para o fim do poço, perdemos o outro e a NÓS MESMOS. Deixamo-nos abandonar.
Não mais sorrimos.
Não mais exercemos nossa liberdade.
E, iludidos, cegos pela paixão, esperamos que o outro faça o mesmo.
Que fique conosco acorrentado - diretamente para baixo, para a lama.

É claro que não fazemos isso de propósito.
Fica fácil compreender que fazemos porque é o que sabemos.
Não aprendemos a nos relacionar de outra maneira. Não amadurecemos emocionalmente.
Não agimos como homens e mulheres, e sim como meninos e meninas - quer dependem de um ou outro para tomar qualquer decisão, até aquelas mais simples.

Exemplos?
COLOCAR LIMITES, NÃO CONCEDER O QUE NÃO SE PODE, DEIXAR DE EXISTIR, TORNAR-SE INVISÍVEL NA RELAÇÃO PARA NÃO ATRAPALHAR O OUTRO, DIZER NÃO, BASTA, etc, etc...
E, nesse contexto, fica simples prever o fim.
Acabamos com a relação e com tudo o que ela poderia nos trazer de bom, de verdadeiro, de amor.


Escolhas
O problema é sempre o mesmo.
Fazemos escolhas que não são as melhores para nós.

Para nossa vida.
Escolhemos pares para nos distrair e não para amar.
Escolhemos viver problemas.
Abrir mão do sonho.
Do amor próprio.
Escolhemos aqueles tais que nos destroem emocional e fisicamente.

Por que agimos assim?
Talvez porque não saibamos receber.
Não aprendemos!

Achamos-nos não merecedores de felicidade, de amor, de vínculo, de relações saudáveis.

E o quanto antes entendermos essa equação, mais chances de virar o jogo.
Mudar a escolha. Acordar para a vida.

Até lá, espero que possamos ser generosos para conosco - assim como temos sido com esses parceiros que nada agregam, ao longo do tempo.
Fica aqui uma única certeza: para ser amado, respeitado, admirado há que trabalhar muito o autoconhecimento, a auto-estima, o que se pode ou não se pode.

No mais, te convido a continuar a busca.
A busca por si só.
Ao final, esse é mesmo o caminho para chegar ao outro verdadeiramente.


Sandra Maia é autora dos livros: Eu Faço Tudo por Você - Histórias e relacionamentos co-dependentes e Você Está Disponível? Um caminho para o amor pleno. Fale com ela no e-mail smaia@brpress.net.