quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Política, Reforma Agrária e...BORBOLETAS!

(by Luiz Henrique Prieto)



O bom político é aquele que nunca te viu, mas abriu as portas do gabinete, ante a necessidade, sua ou de outrem.

A política necessita de mais homens do povo do que de falsos profetas.

Homens comprometidos com a realidade brasileira, flagrante no nosso dia-a-dia: desempregados, sem-teto, drogas, violência, insegurança, desrespeito às leis humanas e divinas.

Um sem-número de situações que fingimos não enxergar, alienados diante da "Caixa do Capeta", absortos em nossos fones de ouvido.

Risonhos imersos na quantidade de bobeira que insistem em nos empurrar, goela abaixo...
"Faça isso, compre aquilo, use aquilo outro"...

Quando é que o povo vai tormar a rédea das suas próprias vidas?

Quando é que VOCÊ vai tomar posse do que realmente lhe pertence?

Até quando vai permitir que invadam o seu terreno?

Afinal, quem dita a sua vida?

Como exigir de outrem aquilo que você não é e não faz?

Porque insistir em conhecer a casa do outro, se você sequer conhece a própria casa?

Até onde vão os limites do seu terreno?

Você os conhece?

Sabe que há invasores rondando?

Ervas daninhas crescendo a esmo no quintal?

Corre atrás de borboletas, mas esquece-se de plantar a semente, adubar, regar e cultivar flores.

Não é mais simples atrair as borboletas para o seu jardim?

Mas não para aprisioná-las.

Jamais!

Apenas observe e permita que lambisquem o néctar, atolando as patas no pólen.

Dessa maneira, em breve, o seu jardim florescerá em tantos lugares que será quase impossível divisar-lhes o alcance.

Ainda que caíam as folhas no outono, que murchem as flores no inverno, a primavera chegará!

E com ela, o festim florido, trazendo como convidadas especialíssimas, as borboletas e o seu balé multicolorido e garboso.


O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça.
Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia.
"Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome."
Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: "Moisés, Moisés!"
"Eis-me aqui!" respondeu ele.
E Deus: "Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa."

A Grandeza das pequenas descobertas...

(by Luiz Henrique Prieto)




"O bonito da vida é sorrir espontaneamente, feito uma criança ante uma pequena grande descoberta.



Aos olhos adultos, a descoberta pode ser tola, sem importância.



Mas, para um coração infante, uma descoberta, por mais simples que seja, é a oitava maravilha do mundo".

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Amor, Sarjeta e Dignidade

Trecho extraído do Show "Eu e o Tempo", gravado no Canecão, RJ, em janeiro de 2009


"Uma das histórias mais bonitas do meu pai, aconteceu numa tarde chuvosa.

Nós estávamos em casa, quando alguém veio nos avisar:

'Dona Ana, a senhora vai ter que buscar o Seu Natinho, porque ele tá bêbado demais, ele não consegue voltar pra casa. Tá caído lá na padaria, lá na padaria, lá na frente, lá no centro'.

Eu me recordo que eu era muito pequenininho.

Imediatamente, eu já me levantei, pronto para resolver a situação, sabe?

Fui eu, minha mãe e um irmão meu, mais velho.

E eu me recordo, gente, que quando nós chegamos lá, meu pai estava caído, na sarjeta mesmo.

A bicicletinha dele, ele era pedreiro, né ? Tava caída assim, de lado, e ele na sarjeta.

Tinha chovido, e aquele barro que forma quando você tem uma enxurrada, ele ali, misturado.

Eu me lembro que o primeiro sentimento que me veio, foi de vergonha.

Eu tinha medo que algum colega meu pudesse passar, pudesse ver meu pai naquela situação.

Eu me lembro que nós tiramos ele ali, com pressa, muita pressa.

Levamos ele pra casa, demos um banho nele, pra que ele pudesse voltar a ser meu pai.

Meu pai foi um homem muito trabalhador, muito justo, muito honesto.

Mas viveu, num determinado momento da vida, o problema do álcool.

Superou, graças a Deus, morreu sem o problema.

Mas aquela tarde fica registrada na minha memória, de um jeito muito intenso, porque ela representa pra mim uma das aulas de teologia que a faculdade não me deu.

É bonito você reconhecer o amor que você tem por uma pessoa, no momento em que ela está no podium.

É fácil amar uma pessoa no momento da vitória, no momento em que há razões para ser amada.

Mas no momento em que o outro faz tudo errado e mesmo assim o seu coração se mobiliza, para continuar elegendo como seu...

Eu aprendi que Deus é assim.

Que mesmo no momento da nossa sarjeta, a predileção dele por nós não passa, não termina.

Porque o amor que Deus tem por nós, não passa pela lógica da utilidade, do mérito.

Passa pela lógica do significado.

Não é mérito, não precisa ter.

Depois de tanto tempo vivido, eu identifico que o sentimento que me ocorre, que me ocorreu naquele momento, não era de vergonha, era de indignação!

Porque a indignação é você ver a pessoa certa, no lugar errado.

E eu como padre, hoje, compreendo que o essencial da minha vida, da minha evangelização, consiste, justamente, em descobrir e ficar indignado com as realidades que eu encontro quando vejo pessoas certas, nas situações erradas.

E, para mim, o processo religioso vale, na vida, justamente para isso: Pra nos retirar da sarjeta, pra lavar a nossa alma e nos devolver a dignidade perdida."


Padre Fábio de Melo

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CASAMENTOS (Ou o final deles...)

(by Luiz Henrique Prieto)

Casamento, ou melhor, o final dele, pode ocorrer de duas formas:

Tipo aquele carinha que namora escondido a sua filha pré-adolescente e você só descobre quando já estão há mais ou menos um ano juntos, inclusive tendo consumado o "ato proibido";

Tipo aquele dia em que você acorda com o pé errado (como se algum dia a gente acordasse sem um deles, né?), corre prá pegar o busão lotado e quando a porta se abre, visão do paraíso: um mulherão, sorriso lindo, olha prá você e, sutilmente, lhe cede passagem.

Aí o bobo pensa: "Ganhei o dia"!

Escancara um sorriso de comercial de creme dental (só que, nesse caso, o dentifrício ficou no cantinho da boca e você, na pressa de sair de casa, nem percebeu), ensaia uma piscadela (os olhos cheios de remela) e quando pensa que está abafando...cataplaft!!!
Trupica no degrau, a caixa metálica pula da bolsa, descreve um arco ascendente, bate no balaústre, quica na mesinha do trocador e...splash !!!
Tragicamente se abre em duas, revelando o conteúdo mágico: arroz dormido, feijão ressecado, um zôiúdo estalado, gema dura, um naco de carne e um tantim só de colorau (prá dar cor na comida, né? Benhê!).

Aí você se dá conta: "Hoje, não é o meu dia"!

E com aquela cara de que "nem te ligo", fingindo de égua, ensaia assobiar uma canção.

Mas a única coisa que sai dos lábios é a melodia (?) de um dos hits do momento, desses que os playboys insistem em ouvir no último volume, enquanto dirigem o Chevette 78 tunado, com o braço esquerdo apoiado na porta, a cabeça quase recostando no banco traseiro, óculos de vaga-lume e cabelo pingente de trem-bala.

Conciso?

Tá bom, Seu Leandro!!!

Sempre pegou no meu pé quando eu escrevia "Bastidores de Leandro & Rosca" (modéstia à parte, o meu filho pródigo).

Certa vez, perguntei ao público, leitor fiel, o que gostariam que mudasse no blog. Resposta em massa: "Nada"!

Ou seja: falou que é fofoca de gente (?) famosa (?) ou desgraça alheia, vende que é uma beleza!

Concisando os primeiros parágrafos: ou o casamento termina na moita, ou termina em escândalo!

Sempre desconfiei da senilidade dos Titãs do Iê-iê-iê, com letras pesadas, beirando a anarquia e com seus cortes de cabelos esdrúxulos.

Logo, difícil imaginar que Tony Belloto escrevesse algo, digamos, conciso.

Me enganei redondamente!

Recentemente, comecei a ler uma matéria assinada pelo Tony, em uma revista de grande circulação (não, não é aquela que tem mulher pelada, muito menos aquela com fofoca de artistas).

Meio desanimado, olhava prá foto e lembrava do refrão: "polícia é para quem precisa, polícia é prá quem precisa de polícia"!

Pero, após a terceira linha, me rendi ao respeitável escritor, desvencilhando-o de vez da pecha de "rebelde sem causa".

O tema da matéria?

Coisas de casal!

Resumindo, para a felicidade do Nassif, tudo o que acontece entre um casal, seja bom ou seja mal (sei que é com "ú", mas foi só prá rimar), deve ficar ENTRE OS DOIS e mais ninguém!

Nada de sair por aí, jogando mer...cadoria no ventilador!

O problema é que, separar amigavelmente, com juras de amizade eterna, só acontece em novela das oito, que começa às nove, e olha lá!

Ainda que uma das partes diga que está tudo bem, no fundo, no fundo, tá é maus mesmo!

Uma das partes, diriam os adêvogados, sofre mais, ficando presa ao passado, moendo e remoendo as coisas ruins.

Das boas, praticamente não faz questão de lembrar.

Daí vem a famosa frase: seus bens prá lá, meus bens prá cá.

"Devolva meus CD’s, passa prá cá minhas coisas (que antes eram minhas e suas), toma de volta os seus presentes, etc., etc.)".

"Eu vou te deletar, te excluir do meu orkut, eu vou te bloquear no msn. Não me mande mais e-mails, nem scraps, powerpoints....lá lá lá lá lá lá...e adicione ele" (*)

E tome troca de acusações!

Ufa!!!

Quem dera fosse como no mundo digital: CTRL T + CTRL X e pronto!
E nada de guardar na Lixeira!
Vai que um dia você decide resgatar o arquivo deletado...

Mas não é tão simples assim.

As relações, aliás, as separações, por mais amigáveis que sejam, sempre acabam derrubando um dos lados.

Pessoas reagem de maneira diferente, diante de uma mesma situação.

Cada qual tem a sua essência.

E isso não tem como mudar.

Uns se descabelam, partem pro desespero, tentam mil e uma artimanhas para afetar o outrora bem-amado!

Outros se calam para o mundo exterior, travestem-se em verdadeiros personagens para a sociedade, mas no calar da noite, no aconchego do travesseiro, choram as mágoas guardadas.

Uns, literalmente, escancaram a marmita.

Outros, ficam na moita.

Um grande abraço e todo o meu respeito ao Sr. Tony Belloto, escritor memorável.

(*) Já havia terminado de escrever esse post e estava fazendo a revisão. Não resisti à tentação de homenagear a turma do Café Comédia com uma autêntica "fuleragem music"!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Foram cortando as minhas ilusões e salgando as minhas utopias.

Machucaram meu passado e prenunciaram dias sombrios.

Fui visitado pela sabedoria e soube reconhecê-la.

Conversei cuidadosamente com o tempo.

Sobrevivi".

(Gabriel Chalita)

terça-feira, 21 de setembro de 2010


Nathy

(Luiz Henrique Prieto)

Naty, outrora
Pequena indefesa
Desfila, agora
Formosa princesa

Refletem esmeraldas
Teus olhos, diamantes
Na face d’um anjo
Terno semblante

Fizeste teus cachos
Cascatas tonantes
Farfalham alegres
Melodias infantes

No olhar, riso fácil
(E um quê de mistério)
Cílios, semicerrados
Cortinas de ferro

Nos lábios, melodias
Inaudíveis, cantastes
Suspiros histéricos
Por quem?

Não tardou a razão
A infância poente
Dar lugar e vazão
Primazia adolescente

Versos, rimas
Nada descreve
O que pretende dizer
Aquele que atreve
Traduzir-te em palavras...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

INVICTUS


(William E Henley)


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.