quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

RÉVEILLON DA SEGREGAÇÃO


RÉVEILLON: DESPERTAR OU SEGREGAR?

(por Luiz Henrique Prieto)

Segregar v. tr.
1. Separar de um todo.
2. Pôr de parte; expelir, deitar.
3. Fig. Apartar; separar. v. pron.
4. Sair; desmembrar-se.

Réveillon
Termo oriundo do verbo francês réveiller, que em português significa "despertar".

Antes de começar o artigo, deixo claro que não tenho a intenção de atrapalhar a festa de ninguém.

Não sou nenhum desmancha-prazeres, tampouco um rebelde sem causa.

O que pretendo é despertar a atenção de quem se interessar pelo artigo, convidando-o a uma reflexão.

Desde a antigüidade, salvo engano, em Roma, alguém declarou que o povo quer pão e circo.

Como no Brasil o pão anda meio sumido da mesa dos verdadeiramente pobres, nos resta falar sobre o circo!

Mas, afinal, o que me levou a escrever sobre segregação social, justamente num período em que todos estão mais leves pelo espírito natalino e felizes da vida com a expectativa da chegada de um novo ano?

Exatamente o questionamento do Eduardo Costa, apresentador do programa "Chamada Geral", da Rádio Itatiaia.

Há 20 anos, a TV Alterosa, afiliada do SBT, promove o "Festival Alterosa de Fogos", com a tradicional queima de fogos e apresentação de vários artistas na orla da Lagoa da Pampulha, cartão postal de Belo Horizonte.

Há 13 anos, é realizado o "Réveillon da Barragem Santa Lúcia", também com queima de fogos e apresentação de artistas.

Esse ano, me chamou a atenção a divulgação do "Réveillon da Praça da Estação", com apresentação de artistas de peso, tais como "César Menotti & Fabiano", "Banda Calypso", "Alexandre Peixe", "Pitty" e "G.R.E.S. Unidos da Tijuca".

Até aqui, tudo lindo e maravilhoso!

Afinal, a capital teria três opções de diversão para a população, desafogando a Região da Pampulha, que recebe um número maior de espectadores.

Contudo, minha gente, fomos pegos de surpresa com a notícia dada, em primeiríssima mão pelo programa "Chamada Geral", apresentado pelo competentíssimo Eduardo Costa, de que o "Réveillon da Barragem Santa Lúcia" não vai acontecer!

Buscando os reais motivos que levaram ao cancelamento do evento, a imprensa noticiou que a PM emitira um relatório no qual figuram como principais empecilhos "insegurança e aumento nos índices de criminalidade na região".

Eduardo Costa ficou estupefato! Eu também!

Só que ele tem o microfone em mãos. Eu? Apenas o lápis.

E Eduardo fez questão de dizer que as autoridades são incompetentes, por não terem efetivo suficiente para a realização de três eventos na Capital!

É aqui que eu entro, de sola, sem dó nem piedade!

O Réveillon da Barragem, realizado durante 13 anos, permitia que ricos e pobres convivessem, pacificamente, no mesmo espaço.

Geograficamente falando, a Barragem está situada entre o Morro do Papagaio (conjunto de favelas formado por quatro vilas) e os bairros Luxemburgo e São Bento. Tomando como base o mapa do Brasil, a localização equivale ao Estado do Rio de Janeiro.

Ou seja: a Barragem divide ricos e pobres!

E a festa de Réveillon justamente apagava, nem que fosse por poucas horas, a linha imaginária que separava a riqueza da pobreza.

Ricos e pobres, compartilhando juntos, desejando juntos, um novo despertar que se anuncia, às 00:00 h do dia 01 de janeiro.

20 mil pessoas convivendo em harmonia.
Nem ricos, nem pobres. Apenas espectadores, comemorando a chegada de um novo ano.

Dê-se a isso o nome de INCLUSÃO SOCIAL!

Luxemburgo, São Bento, Cidade Jardim...bairros tradicionalmente habitados pela Classe "A" de Belo Horizonte.

Vila Estrela, Vila Santa Rita de Cássia, Vila São Bento (também conhecida como Vila Carrapato ou Bicão),Vila Barragem Santa Lúcia...tradicionalmente habitadas pelas Classes "C" e "D" da Capital.

A + C + D = INCLUSÃO SOCIAL, a fórmula perfeita e tão sonhada pelos antropólogos, sociólogos e todos que batalham por uma sociedade justa.

Com o fim da festa na Barragem, fica clara a polarização, ou melhor, a SEGREGAÇÃO SOCIAL!

Confuso?

Explico.

A Lagoa da Pampulha fica situada na porção noroeste da Capital.

Tomando novamente como exemplo o mapa do Brasil, fica ali no cantinho inferior direito do Estado do Amazonas.

A orla da Lagoa, além do belíssimo conjunto arquitetônico, apresenta um sem-número de mansões.

Mansão = Gente Rica

Festa de Graça = Gente Pobre

E que rico quer ver o pobre sujando a porta da sua casa?

E que pobre vai querer ir prá Orla da Lagoa, andando de 2 a 3 quilômetros a pé, para chegar ao ponto central do evento, se pode perfeitamente pegar um ônibus e ir para a Praça da Estação, localizada bem no centro da Capital.

E que rico vai se aventurar a ir até o "centrão", ficar "no meio daquele tanto de favelado"?

É assim que as ditas festas populares de BH são vistas: um tanto de favelado reunido!

Não sei qual o real interesse da realização de duas festas tão distintas.

Não me venham com esse blá blá blá de que estou procurando pelo em ovo.

O fato é que, na Festa da Pampulha, haverá a tradicional queima de fogos, com a apresentação de artistas pouco ou quase nada conhecidos.

Na festa da Praça da Estação, as seguintes atrações: "César Menotti & Fabiano", "Banda Calypso", "Alexandre Peixe", "Pitty" e "G.R.E.S. Unidos da Tijuca".

De graça!

Adivinha para onde o pobre vai?

Veladamente, ocorre a SEGREGAÇÃO SOCIAL!

Pobres ficam no centrão. Ricos, no bem bom!

Nada contra a guerra das emissoras envolvidas nos eventos, mas é óbvio que também pagamos pelas festas!

Duvido muito que não haverá nem um custo sequer para a Prefeitura de Belo Horizonte ou para o Estado.

Policiamento e Limpeza Urbana não saem de graça!

E, se pagamos pela festa, que seja para TODOS, sem separação, sem discriminação, sem SEGREGAÇÃO!

A título de curiosidade, aí vão os cachês estimados para a "Festa do Povão":

- Banda Calypso: R$ 70 mil
- César Menotti & Fabiano: R$ 200 mil
- Pitty: R$ 60 mil
- Alexandre Peixe: R$ 50 mil
- G.R.E.S. Unidos da Tijuca: R$ 30 mil

Somente no quesito "cachês", temos algo em torno de R$ 410 mil !

Suponho que o custo estimado dos dois eventos gire em torno de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões.

R$ 2 milhões...cerca de 170 moradias construídas...170 famílias levando uma vida mais digna.

Porque, ao invés do embate, as emissoras de TV não se unem para proporcionar um FELIZ ANO NOVO verdadeiramente fraterno?

Réveillon....Réveiller....Despertar...

O sonho de muitos, que não têm nada!

Tempo de reflexão.

Tempo de passar a limpo.

Réveillon....Réveiller....Despertar...

Tempo de despertar, para dizer NÃO às desigualdades, de unir forças, para a construção de um futuro melhor para TODOS!
Fontes:

BELO HORIZONTE – PAMPULHA > MORRO DO PAPAGAIO

PAMPULHA

PRAÇA DA ESTAÇÃO

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL *-* *-* *-*

HO HO HO !!!

O Natal chegou...

E com ele, um montão de dúvidas.

Afinal, o que é mesmo que vamos comemorar ?

Ah, sim...A chegada de PAPAI NOEL !

Mas, quem é esse tal de NOEL ?

Um velhinho bondoso, que distribui presentes a todos aqueles que se comportaram direitinho durante o ano que passou.

Hum...Será mesmo ?

Será que as crianças da África, do Jequitinhonha, dos lugares mais pobres do nosso planeta, terão os seus desejos atendidos ?

E o que dizer dos sem-teto, que vagam incertos pelas ruas, revirando o lixo em busca de comida, dormindo embaixo de marquises ou mesmo ao relento, transformando jornais velhos em lençóis, papelão em cobertor, realidade cruel e fria em sonhos belos, inalcançáveis.

Noel, o bom velhinho, que viaja o mundo num trenó, puxado por renas, tornou-se, ao longo do tempo, muito mais famoso e lembrado do que um certo menino, nascido há 2.009 anos.

Pois é, minha gente...

Natal é tempo de comemorar o nascimento do Menino Jesus !

Passamos horas a fio, andando de um lado a outro, preocupados em comprar presentes, mas não perdemos tempo ouvindo alguém que necessita apenas de uma palavra de consolo, de um abraço reconfortante...

Gastamos um tempo imenso preparando quitutes e guloseimas para a Ceia de Natal, mas não gastamos muito do nosso precioso tempo alimentando o espírito com a palavra do Mestre...

Compramos roupas e sapatos, cuidamos da aparência, nos perfumamos, tudo para receber amigos e parentes na noite de natal, mas não temos coragem de receber, verdadeiramente, Cristo em nossa vida, em nossos corações.

Justo Ele, que é o aniversariante maior, não é convidado para a própria festa de aniversário.

Participamos de amigos-ocultos, trocando presentes, elogios e carinhos com pessoas que às vezes nem conhecemos, mas nem lembramos do Amigo mais secreto que temos: aquele que temos vergonha e receio de apresentar às pessoas, com medo do que vão pensar de nós.
Aquele mesmo, que está ao nosso lado em todos os momentos, mas que maldizemos quando tudo parece dar errado.

Amigos, nada contra o natal dos presentes, das comidas, do comércio.

Faço apenas um convite aos verdadeiros homens de bem:

Doem àqueles que se encontram nas ruas, nos presídios, nos leitos dos hospitais...

Doem àqueles que, na noite de natal, não terão um pão sequer para comer, uma pessoa sequer para abraçar...

Doem àqueles que perderam a alegria de viver, àqueles que perderam a fé e a esperança...

Mas doem o que o nosso querido Mestre Jesus deu a todos aqueles que lhe cruzaram o caminho...O seu tesouro mais precioso: O AMOR !

FELIZ NATAL !!!!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

POR DENTRO DAS GANGUES - PARTE 1

Década de 90.

Olympia Disco Show, uma das melhores boates da Capital mineira.

Situada na "base" do Edifício JK, bem ali onde hoje funciona a Igreja Universal, abrigava os mais variados públicos.

Mas, o que nos interessa, são as matinês, que ocorriam aos domingos, a partir das 17 h.

Nesse período, a cidade era dividida em 2 grandes grupos:

GDC – Galera do Central Shopping, formada pelos playboys, que freqüentavam a Space (boate localizada na Savassi) e o Central Shopping

DSA – Demônios do Santo André, formada pelos ‘favelados’, que freqüentavam o Olympia e o Shopping Del Rey.

Basicamente, assim funcionava a divisão dos territórios.

Cada grupo respeitava o território alheio.

O Olympia era nossa casa.

Na parte dos fundos, próximo ao palco, reinavam os DSA.

Ninguém se atrevia a penetrar naquele recanto. Caso contrário, a confusão já estava armada.

A turma variava muito.

Às vezes, entre 30 e 40 integrantes.

Quando preciso, entre 100 e 250.

Impunham respeito e os "intrusos" eram convidados sair.

Primeiro, num papo amigável.

Depois...escoltado a murros e pontapés.

Invariavelmente, um aventureiro, ou mexia com uma das meninas, ou folgava com um dos meninos.

Aí, minha gente, o pau cantava.

Estrategicamente posicionado na beira do palco, num local onde era possível ter uma visão global da boate, um dos líderes dos DSA observava todo o movimento.

Qualquer sinal de confusão, espalhava estrategicamente os integrantes.

A tropa era formada pela infantaria, um pelotão de 6 ou 7 gigantes, cada qual com os seus 1.80 m, ágeis e fortes.

Havia a "isca", que podia ser homem ou mulher.

Geralmente, era um fracote, songamonga.

E havia os pitbulls!

Embora todos fossem lá para a diversão, brigar era inevitável.

Os Demônios do Santo André eram uma lenda viva.

Os que se atreviam a desafiar a lenda, ganhavam hematomas, quando não muito, eram hospitalizados.

Marcaram território.

Nem os seguranças do Olympia se atreviam a encarar os DSA!

Inúmeras vezes os DSA foram aplaudidos, ovacionados, por expulsarem da boate os engraçadinhos.

A fama e o respeito conquistados pelos DSA, espalhou-se rapidamente.

Para "ganhar" uma menina, bastava dizer que era um DSA.

Aliás, nem era preciso correr atrás de mulher. Todas queriam um Demônio.

Status. Glamour. Sinônimo de proteção.

Orgulho.

Ocorre que, num determinado dia, época de carnaval, os DSA foram para o Olympia em menor número.

Os playboys da GDC aproveitaram para fazer a festa e bancarem os covardes.

Resultado: cercaram alguns DSA e baixaram o cacete.

Em desvantagem, os DSA recuaram.

Exultantes pela vitória sobre os temidos Demônios, os playboys comemoraram.

Mas, cometeram um erro fatal: engraçaram-se com as meninas dos DSA.

Embevecidos, caíram na armadilha e foram para o apê da tia de uma das meninas.

Detalhe: DENTRO DO TERRITÓRIO INIMIGO!

O máximo da ousadia!

Pro azar dos playboys, um dos DSA estava no mesmo ônibus que eles.

Espremido num canto, machucado, passou despercebido.

Desceu na praça, QG dos DSA.

Passou a informação de que o inimigo, além de humilhar parte da tropa, estava invadindo os seus domínios, bem ali na fuça deles.

Rapidamente, o cerco foi armado.

Um pelotão deslocou-se rapidamente pelos becos e vielas, cortando caminho, tentando surpreender o inimigo.

Profundos conhecedores dos seus territórios, os DSA cercaram os playboys.

O pau cantou. O sangue desceu.

Um dos Demônios, socava o playboy e dizia: "- Não quero bater em você."


Os playboys ficaram desesperados.

Clamavam pela polícia.

Um dos Demônios tirou o brasão do bolso e bateu inúmeras vezes na cara do playboy. "Polícia? Tá aqui, ó!"

Mas, os DSA não eram tão Demônios assim.

Vendo o estado deplorável dos surrados, ofereceram para levá-los a um hospital.

Obviamente, temendo a morte, os playboys recusaram.

Passada a surra inicial, o pelotão dispersou.

No retorno pro QG, encontraram parte da tropa que havia sido surrada no Olympia.

Convencionou-se que as contas ainda não haviam sido acertadas.

O pelotão, agora aumentado, rumou até o apartamento da tia de uma das meninas.

O porteiro bem que tentou conter a tropa.

Mas como segurar 20 homens enfurecidos, com sangue nos olhos?

Fingiu de bobo, fez seu papel.

O apartamento foi invadido.

Junto com os playboys surrados, havia um pequeno grupo GDC comemorando.

Pior prá eles.

Sessão de tapas na cara, socos no estômago, pontapés, humilhações, etc.

O porteiro bateu na porta, pedindo tranqüilidade. Ameaçou chamar a polícia.

Num recuo estratégico, os DSA retiraram os playboys do apartamento, não sem antes recolher os comes e bebes que os membros da GDC haviam comprado para comemorar a surra.

Já na rua, presos pelo gogó, mais tapas na cara e avisos de que não deveriam, em tempo algum, mexer com um DSA.

A vingança seria maligna.

Despachados os playboys, os Demônios retornaram ao QG para comemorarem a vitória sobre o inimigo.

Assim, a lenda dos Demônios do Santos André espalhou-se rapidamente pelos quatro cantos da cidade.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE 2 - O INIMIGO AGORA É OUTRO


Nó na garganta.

Olhos marejados.

E um misto de sentimentos, variando de perplexidade à tristeza imensa, passando pela sensação de impotência.

Foi esse o meu "parecer sentimental" acerca de "Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro".
Talvez se deva à dura realidade retratada no filme, que de ficção, não tem absolutamente NADA!
A inserção da criminalidade nos altos escalões do poder, executivo, legislativo ou judiciário, não é fictícia, tampouco obra de um autor "viajante".

Quem não quer enxergar, é o povo.

Em "Tropa de Elite", a ficção mostra boa parte do treinamento do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o temido BOPE, cujo símbolo são duas pistolas semi-automáticas cruzadas sobre um crânio, completando o ornamento com uma faca enterrada, o que rendeu o bordão "faca na caveira".

No entanto, no livro "A Elite da Tropa" (Rodrigo Pimentel e André Batista), o treinamento, bem como os métodos utilizados pelo BOPE são esmiuçados, com uma impressionante riqueza de detalhes. Obviamente, seria impossível condensar em 120 minutos tudo o que é narrado no livro.

Em "Tropa 2", ao invés dos combates sangrentos e da "força bruta" do BOPE, a direção ocupou-se em mostrar como o Crime Organizado segue à risca a Teoria de Darwin: "A espécie que predomina não é a mais inteligente ou a mais forte, mas aquela que adapta-se melhor às mudanças".

Há tempos o Crime Organizado vem diversificando, de forma inteligente, as suas ações.
Ou ninguém mais se lembra do assalto ao Banco do Brasil, que rendeu mais de R$ 100 milhões aos bandidos, sem que fosse disparado um tiro sequer?

Cai o tráfico, sobe o seqüestro.
Cai o seqüestro, sobe o roubo a bancos.
Cai o roubo a bancos, seqüestro e tráfico, surgem as milícias.

E assim, a bandidagem vai esgueirando-se, aqui e ali, nas brechas deixadas pelo "Poder" Público.
Ver cenas na TV, ou ler notícias de que bandidos teriam ligações com as FARC, adotando táticas de guerrilha, armamento pesado, não me surpreende.

Tempos atrás, tive a oportunidade de ler "Comando Vermelho – A História Secreta do Crime Organizado" (Carlos Amorim).
Na época da ditadura, criminosos comuns, sem qualquer tipo de instrução, foram misturados aos presos políticos, esses sim, intelectuais e com ideais de socialismo.
A idéia inicial dos presos políticos era doutrinar os criminosos para o socialismo, de modo que pudessem criar uma espécie de Associação, na qual os familiares pudessem ajudar-se mutuamente. Dessa maneira, acreditava-se na amenização do sofrimento daqueles que estavam encarcerados.
Contudo, o tiro saiu pela culatra.
Os bandidos tinham o destemor, a prática.
Faltava-lhes a teoria.
Fizeram o ensino básico, médio, superior e pós-graduação com os presos políticos.
Fugiram da Ilha Grande com a base do "Comando Vermelho" formada.
Japonês, Bagulhão, Professor e Escadinha, principais fundadores do Comando, tiveram excelentes mestres na cadeia.
Agindo de forma planejada, a bandidagem começou a angariar fundos para as suas ações, espalhando uma terrível onda de assalto a bancos, joalherias e toda a sorte de atividades que lhes rendessem lucros altos e imediatos.

Bandido com dinheiro, faz o que?
Gasta?
Errou redondamente, camarada.
Bandido leso torra tudo o que ganha!
É o famoso "band-aid do creme".

Já no CV, os "bandidos do crime" investiram pesado em armamento, recrutamento e treinamento de soldados.
Até pouco tempo, quem dominava os morros eram os bicheiros, com suas bancas de jogo-do-bicho e seguranças truculentos.
Época boa, se é que podemos chamar assim.

No entanto, como disse acima, a bandidagem tem e capacidade de adaptar-se aos novos rumos.
Descobrem as drogas e, conseqüentemente, os usuários.
Espalham novas pragas sobre a cidade, atingindo não só a classe pobre, mas também a classe alta, incluindo-se aí integrantes do Governo.
As forças armadas são ótimas fornecedoras de material humano para o Crime Organizado.
Ou seja, o Poder Público entrega, de mão beijada, mais soldados para o Crime.
Foi-se a época em que bandido não sabia ler ou escrever, usava chinelo Havaianas, roupas esfarrapadas e dentes podres.
Bandido dos tempos modernos entende (e muito) de tecnologia, usa roupas caras, terno e gravata, é diplomado e, se bobear, são até eleitos de forma democrática para representarem o povo.
Estão aí os escândalos envolvendo autoridades de todos os escalões, que não me deixam mentir.

E a polícia, o que faz?
Combate o crime, certo?
Errado!

A polícia também cria novos métodos para aumentar os rendimentos.
Ao invés da repressão, transformam-se em fornecedores de armas e facilitam a entrada de drogas no País.
Não é interessante para a polícia acabar com o crime.

Em "Notícias de Uma Guerra Particular" (documentário de João Moreira Salles e Kátia Lund), o então Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Hélio Luz, escancara: "A polícia é corrupta! Foi criada para manter o favelado na favela, longe da classe alta."

Um soco na boca do estômago, certo?

Então, meus caros, esperem para ler "Abusado – O Dono do Morro Dona Marta", onde o ilustre Caco Barcellos destrincha a realidade de um chefe do tráfico, a corrupção da polícia e de políticos.
Aliás, em se tratando de Barcellos, a corrupção é tema recorrente em seus livros.
O primeiro deles, responsável por seu exílio no exterior, "Rota 66 – A História da Polícia Que Mata", descreve com impressionante riqueza de detalhes a banda podre da polícia.
Um dos relatos mais impressionantes é do assassinato, a sangue frio, de Pixote, um ex-morador de rua que ganhou notoriedade quando sua história de vida ganhou as telas.

Tentei escrever esse texto dias atrás, ainda sob o forte impacto causado por "Tropa 2".

Felizmente, tive tempo de refletir a respeito, senão sairia muito mais do que posso contar aqui.

Infelizmente, já vivi (ou ainda vivo) dentro do "Sistema".

Participei de ações que envolviam "pegar pesado" com a classe pobre e "pegar leve com a classe alta".

"Baixa o cacete no pobre e beija a bunda do rico."

Mais ou menos por aí.

Hoje, infelizmente, os noticiários estão pipocando com a guerra instalada em morros cariocas.
Caveirões subindo o morro, blindados da Marinha, fuzileiros navais a postos.
E a TV mostrando os bandidos em fuga.

Será mesmo?

Pelas atitudes dos criminosos, fica clara a aplicação das táticas de guerrilha.
Armamentos capazes de perfurar um blindado, granadas, equipamentos de última geração.
Tudo nas mãos dos bandidos.

A polícia "apreende" armas, drogas, prende centenas, etc. e tal.

Tudo prá inglês ver!

Afinal, o Crime Organizado, tendo chegado ao nível de sofisticação que chegou, daria mesmo a mancada de deixar armamento e drogas dando sopa no morro?

As ações começaram no domingo.

A polícia toma o morro na quinta-feira.

São só cinco dias para a bandidagem ajeitar as coisas.

A saída?

A resposta você encontrará assistindo "Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro".

Ah, só prá constar, o lema do Comando Vermelho: "Paz, Justiça e Liberdade".

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Muita Calma Nessa Hora - O Filme


Bom, antes de mais nada, deixo claro que não sou nenhum crítico de coisa alguma, tampouco tenho pretensão de sê-lo.

Na minha humilde opinião, crítico é aquele que não teve competência (ou culhões) prá fazer o que você fez e fica dando pitaco no seu trabalho.

O alardeado filme "Muita Calma Nessa Hora", do versátil Bruno Mazzeo, estreou na última sexta-feira 12/11/10.

Acompanhei boa parte do desenrolar das filmagens, graças às tuítadas do Bruno.

E, de tanto ver recomendações, fui lá conferir!

Graças a uma promoção de um determinado shopping aqui de BH, comprei o ingresso a R$ 7,00 (inteira) e fui prá fila.

Sorte minha! Fui o PRIMEIRO a chegar!

Azar o meu! Faltava UMA HORA prá começar o filme!

Bendito twitter, o Santo daqueles que enfrentam filas e longas esperas!

Passada e expectativa inicial, tive o privilégio de escolher onde sentar.

Aliás, fica uma dica para os espectadores: larga mão de ser besta e deixar tudo prá última hora! Chega cedo e compra o ingresso antecipado, pô!

Portas em automático, começa a exibição.

Claro que o filme começa só depois de longuíssimos agradecimentos aos patrocinadores, etc. e tals, comum aos filmes nacionais!

De cara, Tita (Andréia Horta), Mari (Gianne Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza) aparecem conversando em um bar, sobre alguns dilemas.

Já na primeira cena de humor, impossível não gargalhar até sentir o gato subindo pela garganta, com a incrível (mas verdadeira) situação protagonizada por Bruno Mazzeo e Ellen Rocche.

No decorrer da trama, salpicada de frases extraídas de várias músicas (teve até "Faroeste Caboclo" em uma das falas), as três amigas protagonizam cenas que identificam o cidadão comum, com as roubadas pelas quais passam no dia-a-dia, principalmente os amantes de baladas.

Inserida no trio, surge Estrella, um produto riponga resultante de uma complicadíssima suruba Mercosul!

O destaque mais do que especial fica para Fernanda Souza e a sua impagável Aninha/Soninha, lerda e desbocada, e para o versatilíssimo Luis Miranda, com o seu "Chez Gay".

Rita, de Maria Clara Gueiros, é um personagem à parte, que vai à loucura com as tresloucadas amigas.

O que chama a atenção no filme é a fantástica caracterização dos personagens!

Descobri Marcelo Tas somente nos créditos finais!

E Lolo Perisse ganha uma participação que retrata exatamente o personagem que mais sabe fazer: a típica cara-de-pau!

No mais, muito bom humor, tiradas fantásticas de Gianne Albertoni, comportamento tipicamente gemininiano de Fernanda Souza e gritinhos histéricos de Luis Miranda.
Junte-se a isso, uma pitada de romance (daqueles de arrancar suspiros da platéia apaixonada) e emoção na busca de Estrella pelo pai Mercosul.

Parabéns a todo o elenco competentíssimo, ao roteiro fantástico, sem usar clichês ou o lugar comum, freqüentemente utilizado nos humorísticos.

"Muita Calma Nessa Hora", um filme que deixa aquele gostinho de quero mais!

Cotação: bonequinho aplaudindo de pé, com cãibra nas mandíbulas de tanto rir!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Homenagem a uma pessoa muito querida...Lux !


Et facta est lux

(Luiz Henrique Prieto)

Sorriso nissei perolado...
Que quando se abre
Ilumina tudo ao derredor...

Divindade da luz...
Seu toque transcende o sopro do vento
Transmitindo aquela gostosa sensação
De um fim de tarde primaveril...

Teu corpo, desenhado à proporção divina
Vagueia leve, etéreo...
Bailando, graciosamente,
Por entre harpas e querubins...

Derramando lux e graciosidade
Deixando embasbacados, pobres mortais...

Humor fugaz, banhado de olhares perspicazes
Gestos magnificentes, largos, generosos
(curvas, idem)...

Sensibilidade de criança
Num’alma cristalina...
Alcançar o paraíso é tarefa fácil
Estando em sua agradável companhia...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SOBRE O TEMPO...

(Trecho extraído do Show "Eu e o Tempo", gravado no Canecão, RJ, em janeiro de 2009)



"Eu vivo, sabe, nesse embate constante com o tempo.

Eu me recordo que em uma das noites em que eu mais podia aprender sobre o tempo, foi uma oportunidade que eu tive de passar uma noite com um amigo meu que estava doente, numa fase terminal de câncer, e eu tinha ido prá’li, prá poder ser útil naquela noite, né, cuidar dele.

Eu me recordo que no meio da noite eu acordei com o choro dele, no meio daquele escuro e aí eu fiquei assustado e perguntei pra ele, né: 'Robinho, aconteceu alguma coisa?'

Ele me disse assim: 'Não, é que eu tô com um pouco de dor, mas já tomei um remédio.'

Aí estabeleceu-se aquele silêncio, né?

Eu fiquei extremamente desconcertado, porque na verdade eu estava ali para cuidar dele!

E eu acho que ele percebeu o meu desconcerto e me disse assim: 'Meu amigo, não se preocupe não. Hoje, só de saber que você está aqui dentro desse quarto, já torna a minha vida um pouco mais feliz'.

Naquele momento, eu experimentei o que não é do tempo.

Porque o tempo é essa força que nos envelhece, que nos entristece, que nos mata, que nos leva embora, que nos distancia e, naquele momento, eu experimentei a ausência do tempo, quando você pode ser inútil, quando você tem o direito de ser inútil pra alguém.

'Não fez o que deveria ser feito, mas o que me importa é que você está aqui, ao meu lado'.

É tão lindo, minha gente, quando nós, na vida, temos a oportunidade de criar essa brecha no tempo, quando nós conseguimos aliviar a nossa vida, a nossa existência, a partir do amor que a gente ama, e os amantes sabem muito bem disso: Quer fazer esquecer o tempo? Ame!

Por isso que eu dizia aqui no início (referindo-se ao texto de abertura do show 'Eu e o Tempo'):

Ele, sacerdote das causas humanas, o Tempo.
Eu, sacerdote das divinas causas.

Que numa madrugada, eu aprendi o verdadeiro significado do amor.
Que concebe qualquer forma de inutilidade, não há problema.
O importante, é o que nós significamos um para o outro.
Isso é amar.

Obrigado.

Obrigado por me fazer neste tempo de hoje, mais uma vez recordar, viver, que mais uma vez eu venci o Tempo, com a liturgia que o amor proporciona."


Padre Fábio de Melo

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

VERSOS SOLTOS...


Retornar aos lugares onde estivemos, me trás boas recordações.

Não sei o que me dá mais medo: subir ao sótão ou descer ao porão?

No sotão guardo lembranças boas, fotos amareladas pelo tempo, roupas empoeiradas, cadernos antigos.

Coisas que me remetem a um passado nem tão longínquo, mas que provocam na espinha aquele gostoso arrepio.

No porão guardo traquitanas, coisas alquebradas, cacos.

Habitam assombrações, fantasmas.

Coisas que me remetem a um passado nem tão longínquo, mas que provocam na espinha estranhos calafrios.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

RELACIONAMENTOS ANALÓGICOS OU DIGITAIS?

(by Luiz Henrique Prieto)

Alguns conselhos úteis, de um fotógrafo amador em começo de carreira, registrando a natureza.

Antes de mais nada, o fotógrafo precisa compreender que ele é um estranho invadindo o pedaço!

Logo, sua aproximação causará desconfiança, medo e, conseqüentemente, fugas ou ataques dos insetos, animais e até mesmo de plantas.

Assim, chegue bem de mansinho, como quem não quer nada, pé ante pé, sem fazer barulho.

Dê um passo e pare.

Observe.

Dê mais um passo e pare.

Observe novamente.

Vá se aproximando até onde o objeto de desejo permitir.

OLHOS: devem estar atentos a todo e qualquer movimento.

É imprescindível que você seja sincero com o objeto de desejo, transmitindo confiança, segurança e nenhuma ameaça.

É preciso também, trocar o "filtro"!

Uma flor mixuruca pode conter segredos que, se bem observados, podem transformar-se em imagens maravilhosas!

O mesmo vale para uma pedra sem graça, que pode servir de laje para um lagarto se bronzear, as nuvens sem graça que tomam formas interessantes e até mesmo uma reles poça d’água, que pode refletir imagens maravilhosas.

OUVIDOS: devem estar atentos a qualquer barulho, por menor que seja.
O Silêncio absoluto é imprescindível!

Uma folha caindo pode indicar a presença de pássaros ou roedores.

Pássaros costumam fazer ninhos em meio aos galhos mais protegidos.

E esquilos adoram habitar árvores com folhas mais cerradas!

Mas, para chegar a esse ponto, é preciso que você interaja com a natureza, estando atento a todos os sons.

Com o tempo, acredite, você será capaz de ouvir o zumbido de asas de uma abelha!

No entanto, alguns artistas merecem destaque: há um pássaro que, acreditem, imita o som de um gato recém-nascido!

E os Quero-Quero, defendendo o seu ninho?

Quando sentem a aproximação de algo estranho, emitem pios sonoros, capazes de espantar qualquer inimigo!

Quando não logram êxito com os pios, distraem a atenção do suposto predador, correndo cada um para um lado, sem no entanto, tirarem os olhos do ninho.

Se o suposto predador se aproxima de maneira perigosa, aí sim os Quero-Quero levantam vôo e começam a dar rasantes sobre o invasor.

É o último aviso!

CORPO: O Sistema Vivo, que envolve tudo aquilo da natureza animal, vegetal ou mineral, é bastante complexo.

Como se fosse uma gigantesca teia de aranha, qualquer mínimo movimento será sentido em qualquer parte dessa teia.

Logo, os gestos devem ser suaves, calculados e não permitir, de forma alguma, que o objeto do desejo perceba algum tipo de ameaça.

Em contrapartida, a natureza também é curiosa!

Afinal, ela quer saber quem é esse invasor que não faz parte do pedaço.

Quem é esse ser que chegou sem ser convidado?

Um exemplo? Esquilos!

Transmiti tanta confiança a esses pequenos roedores que um deles quase pegou a câmera.

Tive que dar um salto para trás!

Caso contrário, corria o risco de ser, literalmente, escalado.

Abelhas também são fantásticas!

Mas, meta-se a invadir o espaço delimitado por elas prá você ver!

Porém, se conseguir interagir, pode fotografar à vontade.

Uma outra dica, muito interessante: nunca perca aquele momento, pois é único!

Fotografar pássaros, animais e insetos em liberdade é uma arte que conta com a complexa equação SORTE + PACIÊNCIA + ACASO.

E nem sempre os três elementos andam juntos!

Às vezes pinta o ACASO, mas você está sem SORTE.

Você não está com a câmera ou a mesma descarregou, fazer o quê?

Logo, não pense duas vezes em registrar aquele momento!

Uma planta que está bela hoje, pode murchar até amanhã!

O formato das nuvens jamais será igual nos próximos segundos!

Nenhum, absolutamente NENHUM alvorecer será igual ao outro!

A parte mais gostosa da fotografia amadora fica pro final: a imagem ampliada na tela do monitor!

Você vê detalhes que não havia observado, por mais que os olhos estivessem atentos, o ouvido sincronizado e o corpo em perfeito estado de harmonia com a natureza.

Ah, para começar a fotografar, não precisa de muitos recursos, câmeras de última geração, apetrechos e tals.

Use uma câmera digital, para principiantes e com poucos recursos.

Sabe-se lá se você vai perder o gosto pela coisa?

A única diferença entre o equipamento analógico e o digital é o resultado: no analógico, o resultado vem somente depois de um longo processo de captura, processamento e revelação.

O resultado final pode levar de uma hora a dois dias, dependendo da empresa que fará o serviço.

Já o equipamento digital permite aferir o resultado quase que instantaneamente, permitindo clicar e apagar a imagem quantas vezes forem necessárias, até obter o resultado desejado.

Contudo, se a câmera estragar, o HD do PC queimar e você não tiver um backup, meu amigo...já era!

Agora que tivemos algumas dicas interessantes para o início da fotografia amadora, que tal aplicar as dicas em relação às pessoas, mais especificamente aos relacionamentos?

Releia as dicas, desde o começo, colocando como objeto de desejo os seus relacionamentos.

No final, você decide!

Relacionamentos digitais ou analógicos?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DECISÕES

(by Luiz Henrique Prieto)

Hoje decidi não fazer nada.

Decidi não acordar cedo, não irei trabalhar.
Não atenderei aos apelos insistentes do despertador...

Decidi me libertar das amarras impostas por essa sociedade,
Hipócrita, vil, mesquinha...

Ficarei na cama, preguiçosamente,
Até que o calor, a fome ou os pernilongos me expulsem.

Aliás, decidi não tomar café no horário,
Pois hoje não tenho horário!

Hoje sou Chronos, Senhor do MEU tempo!

Hoje sou livre!

A casa bagunçada.
A louça ? Por lavar.
Típico habitat do ser não escravizado.

Tomarei um longo e preguiçoso banho,
Sem me preocupar com o gasto de água ou energia elétrica.

Decidi gastar um sabonete inteirinho!
Sentir a água morna libertando meu corpo do cansaço,
Da iniqüidade desse mundo cão.

Também não secarei o meu corpo!
Deixarei que as gotículas evaporem naturalmente, livres.

Ficarei com os meus CD’s, os meus livros,
As minhas "coisas sem importância".

Ouvirei músicas bregas, dançarei desengonçado,
Escreverei coisas sem nexo.

Decidi me drogar!

Sim, e porque não ?

Estou farto de coisas proibidas!

"Não pode isso, não pode aquilo..."

Dane-se !

Tomarei uma overdose de Coca-Cola.
Comerei salgadinhos, hambúrgueres, chocolates, besteiras.
Tomarei uma dose maciça de sorvete de baunilha.

Melhor ainda!

Caminharei, pés desnudos, até uma praça.

Injetarei na veia, o perfume de cada flor!

Aspirarei (e segurarei ao máximo em meus pulmões)
A essência divina que exala de cada rosa,
De cada lírio, de cada alecrim.

Chove.

Mas não corro.

Estiro-me na grama, braços em cruz.

A chuva leva minha alma

E lava minhas lágrimas.

Abro os olhos.

Uma criança me sorri.

Sorrio de volta.

Afinal, um anjo...

Hoje, decidi viver.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

SENTIMENTOS

(by Luiz Henrique Prieto)


Às vezes, apostamos no alheio, na esperança de fazer surgir ali algo forte, puro, verdadeiro.

Começa com uma troca de olhares.

Depois vem um despretensioso "oi".

Daí a pouco, os diminutivos.

Surge a necessidade, quase cotidiana, de dar ou receber algo de bom ao outro.

Como num flerte juvenil.

Feito antigamente, quando namoro entre crianças limitava-se a andar de mãozinhas dadas.

A expressão máxima do amor era representada por um abraço sincero, regado a beijo estalado na bochecha.

Amor infantil, puro, verdadeiro.

Sem coisas materiais.

Sem posses ou cobranças.

Apenas a feliz necessidade de estar ao lado de quem se gosta.

E o gostar, não raras as vezes, confunde-se com amar.

Embora o amor, na sua máxima plenitude, esteja muito acima do amor adâmico, amor carnal, amor homem-mulher.

Amar.

Querer o bem alheio, incondicionalmente.

E por medo de amarmos infantilmente, estragamos uma possível bela amizade.

O olhar alheio e a língua ferina dos mal amados, aliados ao filtro errado, certamente produzirão naquele casal de crianças a falsa impressão de um romance libidinoso.

Às vezes, somos traídos, pegos de surpresa, pelos próprios sentimentos.

Pernas trêmulas, coração aos pulos, nó na garganta.

Amor?

Sim!

Amor-essência, entre estranhos que até então, mal se conheciam.

Mas que descobrem, casualmente, outras maneiras de despertar novas sensações.

Passada a adrenalina do pré-encontro, vem a sensação de estar nas nuvens.

E, como num ciclo vicioso, a necessidade do bem estar aumenta cada vez mais.

Vicioso, como endorfina.

Injetada na veia, a boa sensação surge, quase que instantaneamente, como num abraço.

Infelizmente, o efeito não é duradouro.

Daí, a necessidade absurda de doses cada vez mais intensas.

E, como em todo vício, quando a substância principal é retirada, vem a abstinência.

Alguns sobrevivem, outros não.

Muitos sofrem, em demasia.

Poucos buscam novas fontes de obtenção do prazer.

Raros os que apenas sorriam, ainda que um sorriso triste, ante a incompreensão.

E seguem, em frente...

"Caí, no chão não fiquei.
Me vergo, suporto, levanto.
Sou forte, sou feito
Madeira de Lei".

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sonhos não morrem, jamais...


Quisera tanto te chamar de amor.

Quisera tanto ser tua lua, estrela e ser para você o universo.

Sonhei que era tua princesa.

Sonhei que era tua....tão somente..

Vivi de sonhos...

Vivi de ilusão...

O que eu não via era que já me pertencia.

Era meu amigo.

Não um amigo qualquer, o melhor que uma mulher pode querer.

Eu, num desespero louco....coloquei tudo a perder....

Se pudesse apagar meus atos inconseqüentes...

Se eu pudesse voltar no tempo.

Mas não posso.

Vou viver... ou sobreviver...

Carregando a culpa de nunca ter te compreendido num momento tão sofrido.

Carregando a tristeza de não ter seu perdão.

Meus olhos demonstram que minha alma chora.

Minha boca amarga.....as palavras secam...

Não existe água que possa refrigerar esse sofrimento.

Que possa acabar com o deserto em que se encontra meu coração...

A única fonte que poderia por fim a esse desespero é o oásis do teu perdão.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Política, Reforma Agrária e...BORBOLETAS!

(by Luiz Henrique Prieto)



O bom político é aquele que nunca te viu, mas abriu as portas do gabinete, ante a necessidade, sua ou de outrem.

A política necessita de mais homens do povo do que de falsos profetas.

Homens comprometidos com a realidade brasileira, flagrante no nosso dia-a-dia: desempregados, sem-teto, drogas, violência, insegurança, desrespeito às leis humanas e divinas.

Um sem-número de situações que fingimos não enxergar, alienados diante da "Caixa do Capeta", absortos em nossos fones de ouvido.

Risonhos imersos na quantidade de bobeira que insistem em nos empurrar, goela abaixo...
"Faça isso, compre aquilo, use aquilo outro"...

Quando é que o povo vai tormar a rédea das suas próprias vidas?

Quando é que VOCÊ vai tomar posse do que realmente lhe pertence?

Até quando vai permitir que invadam o seu terreno?

Afinal, quem dita a sua vida?

Como exigir de outrem aquilo que você não é e não faz?

Porque insistir em conhecer a casa do outro, se você sequer conhece a própria casa?

Até onde vão os limites do seu terreno?

Você os conhece?

Sabe que há invasores rondando?

Ervas daninhas crescendo a esmo no quintal?

Corre atrás de borboletas, mas esquece-se de plantar a semente, adubar, regar e cultivar flores.

Não é mais simples atrair as borboletas para o seu jardim?

Mas não para aprisioná-las.

Jamais!

Apenas observe e permita que lambisquem o néctar, atolando as patas no pólen.

Dessa maneira, em breve, o seu jardim florescerá em tantos lugares que será quase impossível divisar-lhes o alcance.

Ainda que caíam as folhas no outono, que murchem as flores no inverno, a primavera chegará!

E com ela, o festim florido, trazendo como convidadas especialíssimas, as borboletas e o seu balé multicolorido e garboso.


O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça.
Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia.
"Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome."
Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: "Moisés, Moisés!"
"Eis-me aqui!" respondeu ele.
E Deus: "Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa."

A Grandeza das pequenas descobertas...

(by Luiz Henrique Prieto)




"O bonito da vida é sorrir espontaneamente, feito uma criança ante uma pequena grande descoberta.



Aos olhos adultos, a descoberta pode ser tola, sem importância.



Mas, para um coração infante, uma descoberta, por mais simples que seja, é a oitava maravilha do mundo".

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Amor, Sarjeta e Dignidade

Trecho extraído do Show "Eu e o Tempo", gravado no Canecão, RJ, em janeiro de 2009


"Uma das histórias mais bonitas do meu pai, aconteceu numa tarde chuvosa.

Nós estávamos em casa, quando alguém veio nos avisar:

'Dona Ana, a senhora vai ter que buscar o Seu Natinho, porque ele tá bêbado demais, ele não consegue voltar pra casa. Tá caído lá na padaria, lá na padaria, lá na frente, lá no centro'.

Eu me recordo que eu era muito pequenininho.

Imediatamente, eu já me levantei, pronto para resolver a situação, sabe?

Fui eu, minha mãe e um irmão meu, mais velho.

E eu me recordo, gente, que quando nós chegamos lá, meu pai estava caído, na sarjeta mesmo.

A bicicletinha dele, ele era pedreiro, né ? Tava caída assim, de lado, e ele na sarjeta.

Tinha chovido, e aquele barro que forma quando você tem uma enxurrada, ele ali, misturado.

Eu me lembro que o primeiro sentimento que me veio, foi de vergonha.

Eu tinha medo que algum colega meu pudesse passar, pudesse ver meu pai naquela situação.

Eu me lembro que nós tiramos ele ali, com pressa, muita pressa.

Levamos ele pra casa, demos um banho nele, pra que ele pudesse voltar a ser meu pai.

Meu pai foi um homem muito trabalhador, muito justo, muito honesto.

Mas viveu, num determinado momento da vida, o problema do álcool.

Superou, graças a Deus, morreu sem o problema.

Mas aquela tarde fica registrada na minha memória, de um jeito muito intenso, porque ela representa pra mim uma das aulas de teologia que a faculdade não me deu.

É bonito você reconhecer o amor que você tem por uma pessoa, no momento em que ela está no podium.

É fácil amar uma pessoa no momento da vitória, no momento em que há razões para ser amada.

Mas no momento em que o outro faz tudo errado e mesmo assim o seu coração se mobiliza, para continuar elegendo como seu...

Eu aprendi que Deus é assim.

Que mesmo no momento da nossa sarjeta, a predileção dele por nós não passa, não termina.

Porque o amor que Deus tem por nós, não passa pela lógica da utilidade, do mérito.

Passa pela lógica do significado.

Não é mérito, não precisa ter.

Depois de tanto tempo vivido, eu identifico que o sentimento que me ocorre, que me ocorreu naquele momento, não era de vergonha, era de indignação!

Porque a indignação é você ver a pessoa certa, no lugar errado.

E eu como padre, hoje, compreendo que o essencial da minha vida, da minha evangelização, consiste, justamente, em descobrir e ficar indignado com as realidades que eu encontro quando vejo pessoas certas, nas situações erradas.

E, para mim, o processo religioso vale, na vida, justamente para isso: Pra nos retirar da sarjeta, pra lavar a nossa alma e nos devolver a dignidade perdida."


Padre Fábio de Melo

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CASAMENTOS (Ou o final deles...)

(by Luiz Henrique Prieto)

Casamento, ou melhor, o final dele, pode ocorrer de duas formas:

Tipo aquele carinha que namora escondido a sua filha pré-adolescente e você só descobre quando já estão há mais ou menos um ano juntos, inclusive tendo consumado o "ato proibido";

Tipo aquele dia em que você acorda com o pé errado (como se algum dia a gente acordasse sem um deles, né?), corre prá pegar o busão lotado e quando a porta se abre, visão do paraíso: um mulherão, sorriso lindo, olha prá você e, sutilmente, lhe cede passagem.

Aí o bobo pensa: "Ganhei o dia"!

Escancara um sorriso de comercial de creme dental (só que, nesse caso, o dentifrício ficou no cantinho da boca e você, na pressa de sair de casa, nem percebeu), ensaia uma piscadela (os olhos cheios de remela) e quando pensa que está abafando...cataplaft!!!
Trupica no degrau, a caixa metálica pula da bolsa, descreve um arco ascendente, bate no balaústre, quica na mesinha do trocador e...splash !!!
Tragicamente se abre em duas, revelando o conteúdo mágico: arroz dormido, feijão ressecado, um zôiúdo estalado, gema dura, um naco de carne e um tantim só de colorau (prá dar cor na comida, né? Benhê!).

Aí você se dá conta: "Hoje, não é o meu dia"!

E com aquela cara de que "nem te ligo", fingindo de égua, ensaia assobiar uma canção.

Mas a única coisa que sai dos lábios é a melodia (?) de um dos hits do momento, desses que os playboys insistem em ouvir no último volume, enquanto dirigem o Chevette 78 tunado, com o braço esquerdo apoiado na porta, a cabeça quase recostando no banco traseiro, óculos de vaga-lume e cabelo pingente de trem-bala.

Conciso?

Tá bom, Seu Leandro!!!

Sempre pegou no meu pé quando eu escrevia "Bastidores de Leandro & Rosca" (modéstia à parte, o meu filho pródigo).

Certa vez, perguntei ao público, leitor fiel, o que gostariam que mudasse no blog. Resposta em massa: "Nada"!

Ou seja: falou que é fofoca de gente (?) famosa (?) ou desgraça alheia, vende que é uma beleza!

Concisando os primeiros parágrafos: ou o casamento termina na moita, ou termina em escândalo!

Sempre desconfiei da senilidade dos Titãs do Iê-iê-iê, com letras pesadas, beirando a anarquia e com seus cortes de cabelos esdrúxulos.

Logo, difícil imaginar que Tony Belloto escrevesse algo, digamos, conciso.

Me enganei redondamente!

Recentemente, comecei a ler uma matéria assinada pelo Tony, em uma revista de grande circulação (não, não é aquela que tem mulher pelada, muito menos aquela com fofoca de artistas).

Meio desanimado, olhava prá foto e lembrava do refrão: "polícia é para quem precisa, polícia é prá quem precisa de polícia"!

Pero, após a terceira linha, me rendi ao respeitável escritor, desvencilhando-o de vez da pecha de "rebelde sem causa".

O tema da matéria?

Coisas de casal!

Resumindo, para a felicidade do Nassif, tudo o que acontece entre um casal, seja bom ou seja mal (sei que é com "ú", mas foi só prá rimar), deve ficar ENTRE OS DOIS e mais ninguém!

Nada de sair por aí, jogando mer...cadoria no ventilador!

O problema é que, separar amigavelmente, com juras de amizade eterna, só acontece em novela das oito, que começa às nove, e olha lá!

Ainda que uma das partes diga que está tudo bem, no fundo, no fundo, tá é maus mesmo!

Uma das partes, diriam os adêvogados, sofre mais, ficando presa ao passado, moendo e remoendo as coisas ruins.

Das boas, praticamente não faz questão de lembrar.

Daí vem a famosa frase: seus bens prá lá, meus bens prá cá.

"Devolva meus CD’s, passa prá cá minhas coisas (que antes eram minhas e suas), toma de volta os seus presentes, etc., etc.)".

"Eu vou te deletar, te excluir do meu orkut, eu vou te bloquear no msn. Não me mande mais e-mails, nem scraps, powerpoints....lá lá lá lá lá lá...e adicione ele" (*)

E tome troca de acusações!

Ufa!!!

Quem dera fosse como no mundo digital: CTRL T + CTRL X e pronto!
E nada de guardar na Lixeira!
Vai que um dia você decide resgatar o arquivo deletado...

Mas não é tão simples assim.

As relações, aliás, as separações, por mais amigáveis que sejam, sempre acabam derrubando um dos lados.

Pessoas reagem de maneira diferente, diante de uma mesma situação.

Cada qual tem a sua essência.

E isso não tem como mudar.

Uns se descabelam, partem pro desespero, tentam mil e uma artimanhas para afetar o outrora bem-amado!

Outros se calam para o mundo exterior, travestem-se em verdadeiros personagens para a sociedade, mas no calar da noite, no aconchego do travesseiro, choram as mágoas guardadas.

Uns, literalmente, escancaram a marmita.

Outros, ficam na moita.

Um grande abraço e todo o meu respeito ao Sr. Tony Belloto, escritor memorável.

(*) Já havia terminado de escrever esse post e estava fazendo a revisão. Não resisti à tentação de homenagear a turma do Café Comédia com uma autêntica "fuleragem music"!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Foram cortando as minhas ilusões e salgando as minhas utopias.

Machucaram meu passado e prenunciaram dias sombrios.

Fui visitado pela sabedoria e soube reconhecê-la.

Conversei cuidadosamente com o tempo.

Sobrevivi".

(Gabriel Chalita)

terça-feira, 21 de setembro de 2010


Nathy

(Luiz Henrique Prieto)

Naty, outrora
Pequena indefesa
Desfila, agora
Formosa princesa

Refletem esmeraldas
Teus olhos, diamantes
Na face d’um anjo
Terno semblante

Fizeste teus cachos
Cascatas tonantes
Farfalham alegres
Melodias infantes

No olhar, riso fácil
(E um quê de mistério)
Cílios, semicerrados
Cortinas de ferro

Nos lábios, melodias
Inaudíveis, cantastes
Suspiros histéricos
Por quem?

Não tardou a razão
A infância poente
Dar lugar e vazão
Primazia adolescente

Versos, rimas
Nada descreve
O que pretende dizer
Aquele que atreve
Traduzir-te em palavras...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

INVICTUS


(William E Henley)


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


DANY BANANINHA

Tempos atrás, uma revista masculina pensou tê-la, literalmente, descascado por inteiro...

Pobres incautos!

Mal sabiam...

O que foi mostrado em ensaios fotográficos, ainda era a casca...

Beleza efêmera...

Ainda que perdure por duas, três décadas, efêmera.

A casca, tal qual a das verdadeiras frutas, perecerá...

Perder-se-ão as segundas, terceiras, infinitas más intenções...

O que não sabem os incautos é que Dany é especial...

Composta por várias camadas (ou cascas) palpáveis aos olhos da grande platéia.

Contudo, a parte intangível dessa fruta tão diferenciada, única, é reservada apenas e tão somente a seres especiais: Pitchuca, Tia Nilza e alguns poucos verdadeiros amigos.

Feliz daqueles que têm o prazer e a honra de desfrutar de tão rara (e deliciosa) essência!

A casca, decerto, perecerá...

Mas, a pureza dos sentimentos, a inocência e o carinho de criança presentes nos olhos e no sorriso fácil e a imperfeição deixada nas pegadas demarcadas na areia e a leveza da alma, serão reveladas, num mavioso festim primaveril, restrito àqueles que enxergaram em ti, muito mais do que meras camadas...

Com carinho,

Luiz Henrique Prieto

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

IDENTIDADE


(by Luiz Henrique Prieto)



"Luiz Henrique, esse é o seu nome.
Nem Luiz, nem Henrique!
Luiz Henrique"!

Palavras de minha mãe, ainda criança.

Já fui Luiz, já fui Henrique

Lú.
Lulú.
Luigi.
Luiz Mineirinho

Luiz Prieto
Big Quick
Rick
Ike

Chac
Chacal
Já fui Nil
Chacquille

Duca Pinduca
Boquinha
Bibi
Bi

Urso
Santo
Carcaju
O Grande

Já fui "o filho da Sônia"
O "irmão do Bocão"
Já fui "Porto Seguro"
Hoje sou solidão.

Tuiteiro
LhenriquePrieto

Fotógrafo
Luy Prieto

Escritor
Luiz Henrique Prieto

Já fui tudo
Hoje não sou nada.

Hoje sei que sou
Quem não sou

Amanhã?
Espero prá ver...
CURRICULUM VITAE


(by Luiz Henrique Prieto)



Ontem era amado.
Hoje, odiado.
Já fui bem vindo.
Hoje, mal quisto.

Fui amigo.
Hoje, inimigo.
Já fui querido.
Hoje, banido.

Flanelinha
Vendi pipoca
Engraxei sapatos
Catei lixo
Lavei carros

Despejado
Esfomeado
Molestado
Humilhado

Mendiguei
Comia em supermercados
Vendi frutas
Desmaiei de fome

Vendi chup-chup
Vendi picolé
Gritei "Aê o Estado"!

Roadie
Porteiro
Segurança
Servente
Pintor

Carreguei compras de madames

Aos cinco, vendia biscoito frito,
Café e Toddy, em obras
Fazia cobranças

Feito cão de guarda
Grudava no calcanhar dos caloteiros
Duas, quatro, seis horas de espera

Aos nove,
Nove quilômetros à pé
(às vezes, dezoito, ida e volta)
De casa à escola
(tinha vergonha de pular
a roleta do ônibus)

Matei aula no pé de manga
Perdi vaga na escola

Aos doze, dona de casa
Lavava
Passava
Cozinhava
Levava os menores na escola

Seviciado na adolescência
Fui o pior e o melhor da escola
Li Sabrina, Júlia, Bianca
Mas também Hitchcock

No teatro fui ator,
Redator, diretor
Fiz cinema

Cinco dias de gravações
Cinco minutos de exibição

Nenhum glamour
Nenhum autógrafo
Apenas recordações

Aos dezessete,
Brincava de "Comandos Em Ação"
Com os meus bonequinhos articulados

Tive meus quinze minutos de fama
Diante de vinte mil pessoas

Não tive carro
Mas tive grana
E um monte de convite
Prá qualquer lugar

Já fui líder
Nunca chefe
(Não aprendi a bajular
Tampouco a engolir sapos
Ou puxar tapetes)

Já fui respeito
Hoje?
Chacota

Uma doença contagiosa
Que a todos afastou

Feito bagaço de laranja
Cujo o sumo foi extraído

Tentou a foice
Ceifar-me, inúmeras vezes
Nem prá isso eu servi

"Mas se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados..."
SONHOS


(by Luiz Henrique Prieto)

Em sonhos de criança
Quis ser um marinheiro
Depois, aviador.

Mais tarde, violeiro
Mas também
Quis ser Doutor.

Hoje, homem feito
A caminho dos quarenta
Escrevo, de forma sôfrega e lenta
O porquê de tanta dor.

VERSOS SOLTOS...

(by Luiz Henrique Prieto)


"Sou feito cão vira-latas, vadio.
Melhor nem me seguir!
Caso contrário, vagarás a esmo
Aqui e acolá".

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Roubalheiras, vazamentos, mordomias, endoscopia, Zveiter...haja Omeprazol!

Havia escolhido apenas três tópicos para resumir a semana que passou, mas dois fatos chamaram a atenção no último domingo e é com eles que iniciarei a resenha.
O Fantástico exibiu um bando de vereadores esbaldando-se com o dinheiro do contribuinte (eu, tu, ele, nós, vós, eles).
Os picaretas, que deveriam freqüentar cursos de aperfeiçoamento (creio eu que, a disciplina principal seja "Cinco Dedos e Uma Corrida"), aproveitavam a carga horária e passeavam por pontos turísticos.
Existem especialistas ensinando a dar o tomé no dinheiro público.
O esquema é tão simples que até o Roque Santa Cruz, jogador de futebol, obteve um diploma, como se tivesse freqüentado curso algum.
"A casa caiu, malaco"!
Menos de 24 h após a exibição, a Polícia Civil deu o rapa na Câmara, levando documentos, diplomas e outros bichos.
Parece que dessa vez, a única coisa que terminará em pizza será Passione.


Zeu.
Ou Zeus, vai saber.
Condenado a 23 anos pela morte do jornalista Tim Lopes (foi o responsável por comprar a gasolina que, mais tarde, seria jogada sobre o corpo de Tim), cumpriu cinco anos e ganhou da justiça a progressão da pena, por (acreditem) bom comportamento!
Na primeira oportunidade, saiu da penitenciária para visitar a família e nunca mais voltou.
A polícia está à sua procura há três anos!
Nunca o encontrou.
Mas o Fantástico sim!
Curioso.
Vivemos em um país onde jornalistas são mais inteligentes e muito mais bem informados que a polícia.
Ou, quem sabe, menos omissos e mais éticos.
Zveiter, aquele mesmo que pintou e bordou no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, diz que não podem fazer nada, pois a mesma lei que condena, protege o criminoso.
Beltrame, o Secretário de Segurança Pública, afirma que é impossível capturar o criminoso em seus domínios.
"A operação é complexa. Inocentes poderiam perder a vida."
Gente!
Cadê o BOPE, considerado especialista em guerrilha urbana, que treina inclusive policiais de outros países?
Ou será que o BOPE é eficiente apenas na ficção?
O fato é que, enquanto a morosidade jurídica mantém Zeus em liberdade, vendendo drogas ao ar livre, como se fosse aqueles vendedores de ervas e raízes em uma feira, o pobre coitado do trabalhador é quem paga o pato!


Armas roubadas de um Fórum!
Dio Santo!
A expressão máxima da Justiça, sendo assaltada!
Isso porque o Juiz responsável é linha dura, tem tudo sob controle e nunca perdeu as armas, sob sua responsabilidade, de vista.
A coisa foi tão feia que os larápios tiveram a ousadia de substituir armas por pesos, para que, durante a conferência, algum otário acreditasse que ali havia algum armamento.
Desconfio que o bandido seja o mesmo que, dias atrás, vendeu garrafas de água mineral, como se fossem um notebook, a um coitadinho saído de Rondônia.
Ah, o Juiz havia reclamado da falta de segurança, dias atrás.
É como se o vigia de um banco confidenciasse a alguém: "Puxa, se alguém entrar aqui no horário do meu almoço, vai fazer a festa. E olha que nem ando armado, hein"?
Como diz um amigo meu: "Entregou o ouro pro bandido"!

Prosseguindo com as bizarrices, um jornal de Belo Horizonte soube, até mesmo antes do Juiz, qual seria a decisão proferida contra o Jotinha (o tal adolescente do Caso Bruno).
Publicaram em primeiríssima mão a sentença, que nem o homem da capa preta havia pronunciado.
Leitura de pensamento?
Vazamento de Informação?

O fato é que, os casos até agora descritos, revelam o atual perfil da Justiça, embora alguns Desembargadores usufruam de suntuosos gabinetes em mármore: o Judiciário, no geral, revela-se um verdadeiro queijo suíço!

Fechando com chave de ouro, a entrevista do Sargento responsável pelo registro da ocorrência que envolveu um motorista, nas proximidades do Minas Shopping: o condutor, após sair de um exame de endoscopia, pegou a direção do veículo, "apagou" no volante, subiu na calçada e atropelou, salvo engano, sete pessoas.
Felizmente, nenhum ferimento grave.
Declaração do Sargento: "SE o DETRAN quiser, poderá submetê-lo a um exame no IML, uma vez que o elemento não apresenta sinais de embriaguês, o que nos obrigaria a realizar o teste do bafômetro".
Ou seja: mais um impune, ante a incompetência da polícia!
Gostaria de lembrar ao Sr. Sargento que, por dever do ofício, no mínimo tem a OBRIGAÇÃO de conhecer o Código de Trânsito Brasileiro.
Ou então, que ficasse calado, para não falar bobagem.
Ocorre que, o condutor, ciente de que não goza das condições físicas, psíquicas ou mentais para conduzir um veículo automotor, infringe os artigos 169 (Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança) e 252, III (Dirigir o veículo com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito), ambos do Código de Trânsito Brasileiro, além de infringir o artigo 132 do Código Penal, ou seja: "Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente".
Duvido muito que o médico tenha liberado o tal moço para dirigir.
Quando me submeti ao exame, foi um custo convencer o médico responsável de que eu iria embora de táxi.
Além disso, antes do exame, o paciente é muito bem orientado sobre as reações pós-exame.
Uma curiosidade: afinal de contas, prá que o cidadão levou junto a esposa, se essa nada fez para impedir o acidente?
Figurará como co-autora, num possível indiciamento?
Ou este será apenas mais um número nas estatísticas?

Bom, ora de tomar o meu Omeprazol.

Afinal, com tanta coisa indigesta, a azia está me matando!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A BATALHA DAS COXINHAS

(por Luiz Henrique Prieto)

Dia desses, comprei umas coxinhas congeladas, naqueles estandes que ficam perto da lanchonete da empresa onde trabalho, para poder comer no final de semana.
No sábado à noite, bateu a fome, não tive dúvida: "Vou fritar e me fartar!"

Hum...coloquei óleo na panela, de modo que as coxinhas ficassem submersas.
Tirei as benditas da geladeira, esperei um cadinho.
Coloquei algumas na panela, de modo que não ficassem apertadas, feito ônibus lotado e fui prá sala, ver TV.
Bastou sentar no sofá prá bater a preguiça.
Ficava naquela: "vou, não vou".
Chegava na porta da cozinha, espiava, voltava pro sofá.
Aliás, depois do controle remoto, foi a pior coisa que inventaram.
Principalmente o meu sofá, que me atrai de uma maneira irresistível.
Bom, quando estou quase cochilando, graças à programação maravilhosa de sábado à noite... BUMMMM!!! Ouço uma explosão!

Pensando em se tratar de foguetes, soltados por um vizinho qualquer, apenas viro de lado no colchão (sim, comecei no sofá, terminei no colchão).

Daí a pouco: BUM!!! Stupish!!! (som de coisa fritando)

De um pulo só, chego na porta da cozinha e olho, de esguelha.

Instintivamente, olho pro teto da cozinha: lambrecado de gordura!

As paredes salpicadas de gordura e pedaços de massa, como se algum artista plástico houvesse passado por ali.

"E agora? Fazer o que? Ainda faltam umas 10 coxinhas!"

Me armo de coragem.

Entro no quarto, visto calça comprida, jaqueta, enrolo um pano na cabeça (feito um tuareg) e coloco óculos escuros.
"Pelo menos assim, não sofro queimaduras".

Entro sorrateiro na cozinha, tática de guerra, andando meio agachado, feito índio.

À frente, a tampa de uma panela, servindo de escudo.

Rapidamente, num pulo de gato, alcanço o registro do gás, não sem antes me entricheirar atrás do escorredor de pratos, improvisado em uma mesinha de TV.

Rapidamente volto, me esgueirando pelos cantos da cozinha.

Espero a poeira abaixar.

Inspeciono a cozinha: toda salpicada de óleo, pedaços de coxinha foram parar dentro de copos, dentro do filtro, dentro de panelas, enfim, verdadeiras granadas de óleo detonadas.

Ainda tento resgatar algumas na gordura, agora morna.

Mordo.

Um caldo oleoso e horrível invade minha boca.

Argh!!!!

Puro óleo!

Forro o chão com jornais velhos.

Volto prá sala, com um copo de toddy e um sanduíche improvisado de restos de coisas da geladeira.

Dias depois, mesmo tendo feito uma faxina geral na cozinha, ainda encontro vestígios das granadas nos recantos da cozinha.

Já dizia o meu médico: "A gordura ainda vai acabar contigo"!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

XINGOS, PALMADAS, TACAPES...ECA !

(by Luiz Henrique Prieto)



Na semana que passou, todos os elementos do título foram alvos de notícias.

Alguns mereceram destaque.

Outros, nem tanto.

"Manda esse imbecil colocar os dois resultados", voiciferou Fausto Silva para a sua produção, provavelmente referindo-se ao pobre-diabo responsável pelo tal gerador de caracteres.

Programa familiar?

Eu, hein?!

"Manhê, o que é imbecil?"
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E por falar em programa...

Se o vice do José Serra apresentar um Programa de Governo, será considerado um "Programa de Índio"?

"Campanha eleitoral de alto nível", dizem Serra e Dilma.

A regra só não vale para os vices, né?

Afinal, de posse do tacape, o silvícola flechou o adversário: "O PT tem ligação com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principalmente em relação ao narcotráfico".

Índio quer cachimbo.

Se não der, pau vai comer!

Em contrapartida, o vice adversário retrucou, em alto nível: "É um idiota"!

Hum...

Chamar índio de idiota não é preconceito racial?

Onde estão os Direitos Humanos?
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Os médicos, coitados, estão perdidos.

Com a "Lei das Palmadas", ficam proibidos de dar o famoso tapinha no bumbum dos recém-nascidos.

Terão que assistir muito "Super Nanny" e apelar para a psicologia infantil.

"Chora, nenê"!

O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, quase atingiu a maioridade.

Como todo adolescente que se preza, vive uma crise de identidade.

Melhor.

De interpretação.

Crianças e Adolescentes não têm apenas direitos.

Também têm DEVERES!

E os Conselhos Tutelares não são esses bichos-papões que cerceiam o direito dos pais.

Duvidam?

Pois vejam o que diz o renomado escritor Geraldo Claret de Arantes, em sua obra intitulada "Manual de Prática Jurídica do Estatuto da Criança e do Adolescente", 2ª edição publicada em 2006, pela Imprensa Oficial:

"O ECA é um feixe de DIREITOS das crianças e adolescentes, DEVERES dos adolescentes, dos adultos, das instituições e do Estado".

Em relação aos Conselhos Tutelares:

"(...) com a força da lei, podem requisitar qualquer serviço público, como ambulâncias, vagas em hospitais, fornecimento de remédios e tratamentos médicos, vagas em escolas públicas, viaturas policiais, automóveis de repartições públicas para os fins específicos, escolta policial quando necessário, inclusão de adolescentes e famílias carentes em programas municipais de assistência social(...)"

O golpe fatal em Quimera: "O Estado, através do município, é obrigado a fornecer ensino fundamental regular, creche, pré-escola, ensino supletivo e noturno, em local próximo à casa da criança e do adolescente ou fornecer transporte gratuito. O material didático também deve ser gratuito, assim como o uniforme, se exigido pela escola".

Hora de rever seus conceitos, cara-pálida!

Caso contrário, "Um Tapinha Não Dói" e "Entre Tapas e Beijos", serão considerados apologia ao crime!

ENGODOS, MUTRETAS, TRAPAÇAS, CONLUIOS...


E TROUXAS!

O QUE É ISSO, MANO?

"Campanha de Alto Nível".
Definitivamente, o slogan não se aplica ao "Caso Eliza Samudio".
Já que virou moda falar do suposto crime e da campanha eleitoral, nada mais oportuno do que fazer um comparativo.

A situação, que tem a seu favor a máquina administrativa, vê-se numa saia justa quando o seu "candidato" surge em destaque na Folha: "Delegado responsável pelo ‘Caso Eliza Samudio’ responde por corrupção, desvio de verbas de diárias e facilitação de fuga de presos" (http://www.folha.uol.com.br/, 14/07/10).

Dias depois, é a vez do "candidato" da oposição despontar nos noticiários: "Ércio Quaresma foi detido, em 2009, por posse de crack. Pesam ainda contra ele acusaçõe de ameaça, dirigir veículo com documentos vencidos". (http://www.uol.com.br/, 21/07/10).

Curiosamente, alguém fez "boca-de-urna" na porta do Departamento de Investigações, panfletando os Boletins de Ocorrência, nos quais o advogado figura como acusado.
Enquanto isso, o "Caso" continua sem respostas...

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"Você confirma que entendeu bem essa mensagem"?

A voz metálica soa no rádio do bólido vermelho, cavalinho rampante, no ouvido de Felipe Massa.
Pilotando de maneira impecável, "tirando leite de pedra", leva um soco na boca do estômago.
Após a curva, entra em uma reta, desacelerando e cedendo o lugar ao "companheiro" de equipe, Fernando Alonso.

Não só a telemetria acusou a manobra, como a FOM (entidade responsável pela transmissão oficial das imagens na F1) fez questão de reprisar a "Trapaça de Maranello".
Nick Lauda, ex-piloto, respeitadíssimo no Circo da Fórmula 1, resume o episódio em uma única palavra: "VERGONHA"!

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"O torcedor é um trouxa", afirma um renomado comentarista de esportes.

Concordo.

Mano Menezes é confirmado como o novo técnico da Seleção Brasileira, na manhã de sábado.

No final de semana, dá inúmeras entrevistas.

E ainda tem tempo de elaborar uma lista e fazer contato, "pessoalmente" (leia-se via telefone), com cada um dos seus eleitos.

Na segunda-feira, anuncia a SUA lista de convocados.

E aí, fica a pergunta:

"Será que todo candidato a técnico da Seleção Brasileira anda com uma listinha, já pronta, no bolso?"

Ou vem aí mais um mamulengo do Sr. Ricardo Teixeira & Cia.?

Como diria o Pitbicha: "O que é isso, Mano? Au au!!!"
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quinta-feira, 22 de julho de 2010

MOMENTO DE REFLEXÃO

(by Maquiavel)
"Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que freqüenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome.
Porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles."

SOBRE ESCOLHAS E CONSEQÜÊNCIAS

(by Padre Fábio de Melo)

Será que as conseqüências de nossas escolhas de agora, num futuro próximo, poderão doer no coração dos que amamos?

Chegará o momento em que não nos restará muita coisa.

Mais cedo ou mais tarde a vida nos cobrará.

As escolhas de hoje repercutirão em breve neste tempo que costumamos chamar futuro.

É impossível não sofrer com as conseqüências de tudo o que escolhemos.

Escolhas são como sementes.

O que plantamos hoje será fruto amanhã.

A qualidade do fruto depende do que semeamos.

Não há milagre que possa reverter o que foi semeado.

Se as sementes plantadas eram de limão, não espere colher laranjas.

É a regra da vida.

É dura, eu sei, mas é a lei. Se você plantou limão não adianta ficar pedindo a Deus a graça de colher laranjas.

Não há honestidade nesse pedido!

terça-feira, 13 de julho de 2010

GRITO SURDO

(por Luiz Henrique Prieto)


Ando pelas ruas, observando a paisagem ao redor.

Cenas urbanas.

Menino soltando pipa, mulher debruçada na janela (fofoca comendo solta), velhinhos jogando dama.

Paisagem bucólica, duma cidadezinha interiorana...

Redondamente enganado, meu amigo!

Descrevo as cenas que vejo, quase diariamente, numa metrópole com mais de 2 milhões de habitantes!

A diferença está no filtro.

Várias pessoas podem olhar uma mesma imagem e descrever dezenas, talvez centenas, de detalhes que passaram despercebidos pelos demais.

Registro fatos em fotos.

Às vezes, a íris funciona como o obturador da câmara fotográfica, registrando incessantemente, cada detalhe do cotidiano.

Ambulância do SAMU, estacionada em pleno horário de almoço, defronte a uma churrascaria famosa...

"Talvez estivesse socorrendo o pobre bovino que fora parar na brasa para saciar a fome dos humanos".

Viatura de Polícia, estacionada em frente a uma loja de peças para motos...

"Vai ver, ali funciona um desmanche e estão investigando"!

Outra viatura, dessa vez estacionada em frente a uma loja de ferramentas.

"Quem sabe a Polícia de Trânsito está mal equipada"?

Fora isso, iluminação pública funcionando 24 h por dia, em prédios federais, estações de metrô, obras públicas, áreas externas de centros de convenções ou mesmo nas vias públicas, ainda que o sol esteja a pino.

"Bom saber que estão cuidando direitinho da taxa de iluminação pública"!

Passeios esburacados, ruas mal tratadas, abusos e mais abusos.

Tem até Desembargador autorizando motorista a trafegar na contramão, violando a Lei bem nas fuças de um pobre mortal, pior ainda, nas barbas da “Indústria de Multas”, só para não ter que sujar o lindo sapatinho na porta do restaurante.

Reclamo.

Denuncio.

Grito.

Mas é um grito surdo, ninguém ouve.

Talvez o erro esteja nas escolas, que ensinam o tal ráuareiôu, que de nada nos serve.

Talvez, se ensinassem LIBRAS nas escolas, aí sim, um Pedro feito eu, conseguisse ser ouvido.

Desisto.

Troco o filtro.

Volto à paisagem bucólica, maravilhando-me com a natureza que insiste em sobreviver nessa Selva de Pedra...