terça-feira, 25 de maio de 2010

FLORESÇAMOS


Há, em nossos dias, uma infinidade de cenas que podemos reconhecer, a partir da mística dos outonos e das primaveras.
Também nós, cumprimos em nossa carne humana, os mesmos destinos.
Destino de morrer em pequenas partes, mediante sacrifícios, que nos faz abraçar o silêncio das sombras...
Destino de florescer, costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos a vida sempre nos reserva primaveras...
Floresçamos.

"(...) o teu Deus te espera, quer fazer primavera, do inverno que é teu".
Padre Fábio de Melo

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SONHO DE ÍCARO

(por Luiz Henrique Prieto)

Resumindo a história: Dédalo, pai de Ícaro, projetou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem.
Ficaram tão perfeitas, que confundiam-se com as verdadeiras, o que possibilitou a ambos escapar da prisão, decretada pelo Rei Minos.

No entanto, Ícaro ignorou as recomendações do pai, e voou cada vez mais alto, inebriado com a sensação de liberdade e poder.

No entanto, os raios do Sol derreteram a cera, e Ícaro despencou, num abismo sem fim.

Más influências.

Más companhias.

Um casamento conturbado.

A perda de um filho, no terceiro mês de gestação.

Princípio de infarte.

Depressão.

Advertência escrita no trabalho, por má conduta.

A intimidade devassada e gritada aos quatro ventos.

Vizinhos boquiabertos.

Vergonha.

O pesadelo das drogas assolando parentes próximos.

Projetos inacabados.

Vida sem rumo.

Creio eu que, a maioria das pessoas que passasse por pelo menos metade dos problemas acima elencados, veria-se arruínada, num poço sem fundo, ou envolta num lodaçal de areia movediça.

No entanto, esse Ícaro que escreve, deixou-se cair, em queda livre, sem tentar agarrar-se a qualquer coisa que lhe aparecesse no caminho.

E, quando achou que a queda jamais terminaria, surgiu uma mão delicada, que lhe fez pousar em sua palma.

A princício, a mão interrompeu a queda.

Mas, pouco a pouco, fez muito mais.

Fechou-se em concha, protegendo Ícaro de toda a sorte de maldades que quisessem lhe atingir.

Ícaro perdeu a noção do tempo e do espaço.

Não sabe ao certo quanto tempo permaneceu protegido, pela mão em concha.

Mas tem certeza que foi o suficiente para recuperar, ainda que de maneira frágil, a firmeza do corpo e da alma.

Foi o suficiente para tentar colocar-se de pé.

Primeiro, de joelhos.

Depois, levantando vagarosamente, até que o corpo se aprumasse.

Mas ainda sente que os joelhos estão fragilizados, mal suportando o peso do corpo.

Então, curva-se, como um ancião, apoiado em uma bengala.

Graças à medicina humana e ao tratamento oferecido pelos anjos, Ícaro vem recuperando, dia a dia, a confiança para voltar a ter os pés no chão e os sonhos no Alto.

"Como é que você reage às quedas que sofre na vida?
Como é que você administra os fracassos?
Não há receitas mágicas que nos façam vencer os obstáculos.
Mas ouso dizer que há um jeito interessante de olhar para as quedas que sofremos.
É só não permitir que elas sejam definitivas.
É só não perder de vista a primavera que o outono prepara.
Administre bem os problemas que você tem, não permita que o contrário aconteça.
Se você não administrá-los, eles administrarão você.
Deus lhe quer vencedor, a vitória já está preparada feito o presente que está embrulhado e que precisa ser aberto.
Não perca tempo!
Já começou vencer aquele que se levantou para recomeçar o caminho".

(...) O teu Deus te espera, quer fazer primavera, do inverno que é teu!

Levanta-te !

(O trecho em itálico faz parte da canção "Levanta-te", de autoria do Pe. Fábio de Melo)

O Bingo e os Pobres Velhinhos

(por Luiz Henrique Prieto)

Ouvi hoje cedo, na Itatiaia, a notícia de que um bingo foi fechado, ali pelas bandas da rua Erê.

Duas pessoas que se ofereceram para dar entrevistas, estavam indignadas.

Uma dizia que o bingo gera emprego e renda, e que a polícia deveria se ocupar em combater os crimes (?) e não em fechar bingos.

Sub-empregos, né ? Afinal, duvido que uma empresa que atua na clandestinidade, pague aos seus funcionários um salário justo, incluindo os encargos sociais.

Renda ? Só se for para os donos do negócio !

A outra, uma senhora, dizia que os velhinhos iam para o bingo por pura diversão, que era melhor do que viver num asilo e que assim ocupavam o tempo livre.

Mas ninguém avisou aos "pobres-coitados" dos entrevistados que o jogo é sim, prática ilegal.

Ninguém disse que a jogatina vicia, e que o mísero salário dos aposentados viciados, muitas vezes, é todo gasto em bingos clandestinos.

Ninguém os avisou que, as máquinas são viciadas e que a probabilidade de gritar "bingo", é muito menor do que ganhar na Mega Sena !

Querem ocupar o tempo ocioso com algo produtivo e realmente prazeiroso ?

Entrem para um coral da terceira idade, visitem creches e asilos, organizem passeios, excursões, enfim, vivam a vida !

E não permitam que os vampiros de plantão venham sugar o seu rico dinheirinho !

BH agora combate os panfleteiros e as mães de santo. Quem nos trará de volta a pessoa amada em 3 luas ?

(por Luiz Henrique Prieto)

Já dizia o profético Zé Simão: "O Brasil é o país da piada pronta"!

Se a frase do colunista da Folha é bem atual, me atrevo a dizer que BH deve ocupar os primeiros lugares no ranking da fábrica de piadas.

Acabo de ouvir, na Rádio Itatiaia, o prefeito Márcio Lacerda anunciar, todo orgulhoso, uma parceria entre a PBH e o Ministério Público que, primeiramente, combateram a praga dos outdoors, que proliferou, feito o Aedes Aegypti, pelas ruas da Capital. A "bola da vez" é o combate ao "trabalhador informal", que distribui panfletos nos sinais, afixa cartazes nos postes, enfim, emporcalham a cidade.

No meu imaginário, a cena se concretiza: a partir de segunda-feira haverá um batalhão de fiscais da PBH, Guardas Municipais, Policiais Militares e sabe-se lá mais o que, nas ruas de BH, autuando e prendendo os meliantes poluidores.

Cabe aqui uma pergunta: e contra os pichadores, ninguém fará nada ?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SONHOS...

ATÉ OS TENHO...

MAS, SÃO TÃO CURTOS QUE,

QUANDO COMEÇO A SABOREÁ-LOS...

PLUFT !!!

ACORDO !!!

terça-feira, 11 de maio de 2010

O PODER DA AUTORIDADE

“O poder da autoridade...se pode não faz questão”. (Gilberto Gil - Nos barracos da cidade)

“A polícia apresenta suas armas: escudos transparentes, cassetetes, capacetes reluzentes e a determinação de manter tudo em seu lugar”. (Os Paralamas do Sucesso – Selvagem)

Pois é...

Dia desses, enquanto realizávamos mais uma “Campanha do Pãozinho” (projeto do “Grupo Fraterno Amigo Presente”, através do qual, toda sexta-feira é oferecido um lanche à população de rua que vive no hipercentro de BH), deparamos com uma situação inusitada: quando nos aproximamos de uma dessas “pessoas invisíveis” (explico isso melhor nas minhas aulas de Ética e Cidadania, mas brevemente, postarei a esse respeito), que estava tranqüilamente (se isso for possível para um pobre-diabo) deitado, ao lado da porta de uma padaria, ali pelas bandas da Av. Olegário Maciel, um policial militar saiu, enfurecido, na porta do estabelecimento e disse o seguinte: “Se vocês forem dar alguma coisa pra ele, tirem ele daqui e levem pra outro lugar”. (sic)

Tomamos um baita susto!

Ora, como proceder diante de algo tão absurdo?

Não passamos de meros voluntários, tentando levar um pouco de alento e de alimento aos “invisíveis”!

Ora, pois!!!

Um dos nossos colegas explicou, educadamente, que não tínhamos autoridade para remover o pobre-diabo dali.

O andarilho, talvez encorajado com a nossa presença, fincou pé e disse que não sairia mesmo.

O PM, educadamente: “Cê vai sair numa boa ou vai ter que ser de outro jeito?” (sic)

O andarilho: “Não saio, não saio, não saio!”

O PM, revoltado, dirigindo-se ao nosso Grupo: “Tá vendo o tipo de gente que vocês sustentam? E ainda tiram a autoridade policial!” (sic)

Criou-se um impasse: alimentar ou não aquele que representava um estorvo para a sociedade?
Vendo a nossa indecisão, o colega que tornou-se o porta-voz do Grupo, disse ao PM: “Meu amigo, o senhor ali deitado não está fazendo nada de errado!”

O PM, indignado: “Tá sim! Tá fedendo, todo imundo! E tá atrapalhando os clientes (da padaria) e eles tem o direito de comer em paz!” (sic)

Nosso porta-voz: “Pois é. E ele tem o direito de ir e vir!”

O PM quase voou na goela do nosso colega.

Esbravejou, citou vários artigos (inventados por ele, é claro) da Constituição Federal, e do Código Penal, tentando nos intimidar, mas deu com os burros n’água!

Nosso porta-voz: “Amigo, calma aí que o meu irmão é Capitão da PM. Sei tanto ou mais sobre leis do que você!”

A palavra “Capitão Fulano de Tal” soou como um soco na boca do estômago do impertinente PM!

Tanto é, que ele foi do rubro ao branco numa fração de segundos!

Aproveitando a deixa, nosso colega completou: “Jesus disse: fazei o bem, sem olhar a quem! Dai de comer a quem tem fome!”

Não sei se para livrar o PM de um constrangimento maior, ou se, realmente havia uma ocorrência em andamento, mas o fato é que, rapidinho, saíram da padaria mais três PM’s, tirando dali o “gentil” soldado.

Porque tal fato me levou a escrever esse post?

Fiquei curioso com a atitude imponente e enérgica do policial.

Será que o andarilho estava mesmo incomodando os clientes?

Ou será que atrapalhamos o “serviço de segurança privada” que a guarnição supostamente prestava ao estabelecimento?

Sim, SEGURANÇA PRIVADA!

É notório e público, e o diretor de “Tropa de Elite” retratou de maneira fiel, essa triste realidade, que alguns comerciantes dão pequenos “agrados” aos policiais em serviço, em troca de uma “atenção especial” dessa ou daquela guarnição.

Não acreditam?

Pois dêem uma olhada melhor no comércio de sua região!

E observem se não existem PM’s dando proteção a determinados comerciantes.

Infelizmente, esses “agentes de segurança pública” (obviamente, uma pequena parcela), vende proteção especial, em troca de um lanchezinho aqui, uma cervejinha acolá.

E nós, pobres trabalhadores que não têm condições de dar uma propinazinha aos “homens da Lei”, como ficamos?

Já dizia o “Jovem”, personagem rebelde de Chico Anísio: “Ó, ó, com cara de bundão!”

O fato é que, naquele momento, prevaleceu a hierarquia das Leis.

A Lei Divina sobrepujou a Lei dos Homens.

O Policial Militar, investido de Autoridade Policial.

Nós, investidos de Autoridade Divina!

Sim, meus caros...

Somos PORTADORES DE DEUS!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

RÉQUIEM DE UM MORTO-VIVO

(by Luiz Henrique Prieto)

Escrito em abril/2009


" Onde está o homem forte?", perguntou, em vão.

Mal sabia ela que, o outrora "homem forte", duro e resistente como o adamantium, mas que se vergava, porém, sem partir-se, ante a tempestade que assolava e açoitava sua alma, a fim de suportar o castigo e as dores que lhe eram impostas, perdera-se.

Nos labirintos do destino, às vezes só, às vezes em más companhias, trilhou, em inúmeras ocasiões, caminhos obscuros, disfarçados de paraísos, enfeitados com flores e luzes.

Caminhou, enfeitiçado, sem perceber os pés enlameados, braços e pernas feridos pelos espinhos que lhe roçavam a pele.

Atravessou vales sombrios e pântanos fétidos, superou lodaçais de areia movediça, impulsionado pela falsa sensação de poder voar.

Até que tropeçou...

E mergulhou num poço, a princípio raso, mas que, aos poucos, revelou-se bastante profundo.

Achou graça na queda...

Afinal, podia voar!

Mas, quanto mais caía, mais pesadas ficavam suas asas.

Sem nada poder fazer, permitiu-se mergulhar na escuridão.

Hoje, em posição fetal, chora...

Criança desamparada, assustada e com medo das sombras, lembra, com um triste vagar nos olhos do outrora homem forte, e percebe que a matéria da qual era feito, na verdade assemelhava-se à fragilidade do talco.

E sente saudades...