terça-feira, 22 de novembro de 2011

O CU DE BELO HORIZONTE - TRANSPORTE COLETIVO




Há tempos venho querendo escrever sobre o CU de Belo Horizonte, mas é tanta cagada, que até desanimo.

Não, não estou me referindo ao orifício circular corrugado, localizado na região ínfero-lombar, o popular CU, mas sim ao Caos Urbano instalado nesta Capital.

Começarei falando sobre o Transporte Público.

A cidade está em festa!

Afinal, o sonho de consumo do belorizontino, em termos de transporte, finalmente vai sair do papel (será?).

Sim, sim, SIM!

Estou falando do METRÔ!!!

Hoje, a possível solução para o transporte da massa trabalhadora está restrita a dois ramais: Eldorado-Lagoinha, Lagoinha-Vilarinho, com 28,2 km de extensão.
Com a proximidade da Copa de 2014, o Governo Federal anunciou a liberação de verbas sei lá de quantos milhões para a implantação das linhas 2 (Barreiro-Santa Tereza) e 3 (Pampulha-Savassi).
Já tem gente chiando, dizendo ser desnecessária a implantação da linha 3, pois beneficiaria somente os ricos.
Bom, a expansão do metrô vem se arrastando ao longo de, no mínimo, duas décadas.
Na minha opinião, o investimento não ocorreu antes por absoluta falta de interesse!
Afinal, boa parte dos 28,2 km de trilhos está na periferia, ou escondida, o que dificultaria uma belíssima propaganda político-partidária.
Ninguém faz uma obra de grande porte, sem querer aparecer!
Se assim fosse, a revitalização da Savassi ocorreria aos poucos, sem prejudicar a população e os comerciantes.
Se não der prá aparecer, não tem obra!
Com a notícia da expansão, a população sorri, aliviada!

Prá completar o “embromation”, a mídia vem sendo bombardeada com o tal BRT, a solução definitiva (?) para o problema do trânsito caótico!

Não contentes, nossos governantes anunciam a implementação de ônibus especiais, que circularão no trajeto Buritis – Savassi, Praça da Liberdade – Cidade Administrativa.
São ônibus de luxo, com ar condicionado, lotação limitada ao número de bancos e, é claro, tarifas mais elevadas!

Mas, porque tantos presentes para o cidadão belorizontino, cujo o sofrimento aumenta a cada nova leva de veículos emplacados?

Simples: desviar a atenção da incompetência do Órgão Gestor, no que diz respeito à fiscalização e exigência do cumprimento das normas estabelecidas!
Reza o REGULAMENTO OPERACIONAL DO SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS POR ÔNIBUS DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, que “(...) O Serviço Público de Transporte Coletivo de Passageiros por Ônibus é serviço essencial, devendo ser prestado de forma adequada ao pleno atendimento do usuário e de acordo com a legislação vigente e as condições do contrato de subconcessão, deste Regulamento e demais ordens de serviço, portarias, determinações, normas e instruções complementares. (...) A prestação adequada do serviço é a que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, pontualidade, conforto, eficiência, segurança, atualidade das técnicas, da tecnologia, do atendimento, generalidade, cortesia e modicidade das tarifas. (...)"
Ou seja: o básico do básico, que deveria ser observado pelas Concessionárias de Transporte Coletivo, não é cumprido!
Pelo contrário. O que temos visto por aí, são ônibus superlotados, quadros de horários não cumpridos, motoristas e cobradores mal preparados e LUGAR NENHUM PARA RECLAMAR!
Os bancos dos ônibus estão cada vez menores, cada vez mais apertados, vez que, parece interessar às Empresas, transportar um número cada vez maior de passageiros, seja da maneira que for.

Para efeito de comparação, uso o meu biotipo.
Tenho 1.76 m, ombros normais (tem gente que tem ombros largos).
Nos bancos destinados às pessoas obesas, mal cabem dois de mim!
Esticar as pernas? Nem pensar!
Invariavelmente, meus joelhos batem no assento do banco à frente, incomodando o passageiro.
Tenho que me sentar e ficar encolhido, abraçando minha mochila.
Se cruzar os braços, acerto o baço da pessoa que vai ao meu lado!
Obviamente, existem Normas Técnicas estabelecendo as dimensões dos veículos de Transporte Coletivo.
Nada tira da minha cabeça que as dimensões aplicadas devem ser as mínimas possíveis!
Qualquer hora dessas, vou medir a largura dos bancos e a distância entre os assentos, só prá confrontar com a tal norma técnica!
O fato é que o desconforto é imenso!
Tanto prá quem viaja sentado, como para quem viaja em pé.
Ônibus que deveriam transportar, no máximo, 50 (cinqüenta) passageiros, levam mais de 70 (setenta)!
Pobres sardinhas enlatadas, que pagam uma das passagens mais caras desse Brasil Varonil!
Salvo engano, temos a quarta passagem mais cara :O

Então...
É justo que o cidadão, que viaja mais de UMA HORA EM PÉ, pague o mesmo preço que um cidadão que viaja sentado?
E o que viaja sentado, obrigatoriamente espremido?
Onde está o conforto?
E o que dizer das linhas de ônibus que, nos finais de semana, circulam de 40/40 minutos, ou até mesmo, de hora em hora?
Pior: durante a semana, descumprem, sem qualquer punição, os quadros de horários estabelecidos.

Duvida?
Pois tente utilizar a linha 4032 (Caiçara – Savassi)!
Se os ônibus não atrasarem durante o dia, viro mico de circo!
Aí um infeliz vai me dizer prá reclamar com o Órgão Gerenciador.

Vejamos se funciona...

Dias atrás, embarquei em um ônibus da linha 4113 (Bom Jesus – Belvedere) na área central. Ao tentar passar pela roleta, fui surpreendido com a atitude do agente de bordo, que num tom grosseiro disse: “A maquininha do cartão está com defeito. Ou você paga em dinheiro, ou desce e pega outro carro”. Fiquei abismado com a postura do cidadão! Tentei argumentar, dizendo que, em caso de defeito no equipamento, o agente de bordo deveria registrar em formulário próprio o número do cartão e liberar a roleta. Com muita má vontade, o agente pegou o meu cartão e começou a anotar os números, mas parou no meio do caminho, dizendo que os números estavam ilegíveis. Peguei o cartão e ditei os tais números para o infeliz. À medida que ia anotando, o mal educado falava poucas e boas, utilizando gírias e palavrões, amaldiçoando os passageiros. Após passar pela roleta, imediatamente tratei de anotar o número do veículo, para posterior reclamação. Repetindo a mesma fala para os demais passageiros (ou paga em dinheiro ou desce!), o agente de bordo percebeu o que eu fazia e, em tom de escárnio, falou o número do veículo e o seu nome, para que eu anotasse, completando que eu poderia reclamar o tanto que quisesse, que de nada adiantaria.
Terminei a anotação e mantive a tranqüilidade.
Contudo, o agente ficou me encarando durante todo o trajeto, soltando um ou outro gracejo, às vezes em tom ameaçador.

No dia seguinte, fiz o que era o certo: registrei uma reclamação junto ao Órgão Gestor, crente de que o problema seria solucionado.

Qual o quê !!!!

Dias depois, recebi uma famigerada cartinha, informando que a reclamação deveria ser dirigida (PASMEM) à Empresa de Transporte Coletivo!
Pior ainda: “Estamos trabalhando para melhorar o Transporte Público em Belo Horizonte” (ou algo do tipo).

Quer dizer....
Deixaram as galinhas ao cuidado dos lobos!

Resultado: ao que tudo indica, nenhuma punição foi aplicada ao agente de bordo, pois sempre tenho o desprazer de encontrá-lo, quando retorno prá casa.
Em alguns casos, prefiro nem embarcar no ônibus no qual o indivíduo esteja trabalhando.
Virei refém de um Sistema falido (pelo menos para os passageiros, pois os empresários ganham rios de dinheiro), cujo o controle está nas mãos das Concessionárias!

E, como toda campanha eleitoral é bancada por grandes empresários, duvido muito que alguma coisa vá mudar!

O negócio é esperar a expansão do metrô sair do papel e o tal BRT ficar pronto.

Ou então, trabalhar em casa mesmo!

Ah, só para ilustrar, uma breve historinha: desde a sua inauguração, em 1897, o transporte público de BH está nas mãos da iniciativa privada. Houve um tempo somente, na época dos bondes, em que a Prefeitura assumiu o gerenciamento. O sistema de bondes funcionava perfeitamente, agradando a todos. Contudo, depois de DEZ ANOS sem aumento na tarifa, os empresários pressionaram a Prefeitura, que não abriu mão do aumento. Resultado: os empresários deixaram o sistema sucatear, surgindo, a partir daí, os primeiros ônibus coletivos.



Táxi


(by Luiz Henrique Prieto)


Meu táxi transporta alegria
Retratada na algazarra infantil
Que permeia o banco traseiro
Tal qual passarinhos
Chilreando, festivos
Numa laranjeira ao cair do dia...

Meu táxi transporta tristeza
Retratada na maquiagem
Que se desfaz
Ante a enxurrada de lágrimas
Que brota dos lindos olhos
Da pobre moça...

Meu táxi transporta monotonia
Ante o sujeito sisudo
Cenho franzido
Imerso em seu próprio silêncio...

Meu táxi transporta esperança
Retratada no buquê de flores do campo
Colhidas há pouco
Repousando, inquieto
No colo do jovem mancebo
Sorriso estampado na face
Rumo ao reencontro com a amada...

Meu táxi transborda de amor
Retratado nos beijos apaixonados
Suspiros profundos
Risinhos nervosos
Advindos do jovem casal
No banco traseiro
Rumo ao templo do pecado...

E assim
Num entra e sai
Sobe e desce
Vai e vem
Me transporto do táxi
Para retratar esses pequeninos versos...