quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE 2 - O INIMIGO AGORA É OUTRO


Nó na garganta.

Olhos marejados.

E um misto de sentimentos, variando de perplexidade à tristeza imensa, passando pela sensação de impotência.

Foi esse o meu "parecer sentimental" acerca de "Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro".
Talvez se deva à dura realidade retratada no filme, que de ficção, não tem absolutamente NADA!
A inserção da criminalidade nos altos escalões do poder, executivo, legislativo ou judiciário, não é fictícia, tampouco obra de um autor "viajante".

Quem não quer enxergar, é o povo.

Em "Tropa de Elite", a ficção mostra boa parte do treinamento do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o temido BOPE, cujo símbolo são duas pistolas semi-automáticas cruzadas sobre um crânio, completando o ornamento com uma faca enterrada, o que rendeu o bordão "faca na caveira".

No entanto, no livro "A Elite da Tropa" (Rodrigo Pimentel e André Batista), o treinamento, bem como os métodos utilizados pelo BOPE são esmiuçados, com uma impressionante riqueza de detalhes. Obviamente, seria impossível condensar em 120 minutos tudo o que é narrado no livro.

Em "Tropa 2", ao invés dos combates sangrentos e da "força bruta" do BOPE, a direção ocupou-se em mostrar como o Crime Organizado segue à risca a Teoria de Darwin: "A espécie que predomina não é a mais inteligente ou a mais forte, mas aquela que adapta-se melhor às mudanças".

Há tempos o Crime Organizado vem diversificando, de forma inteligente, as suas ações.
Ou ninguém mais se lembra do assalto ao Banco do Brasil, que rendeu mais de R$ 100 milhões aos bandidos, sem que fosse disparado um tiro sequer?

Cai o tráfico, sobe o seqüestro.
Cai o seqüestro, sobe o roubo a bancos.
Cai o roubo a bancos, seqüestro e tráfico, surgem as milícias.

E assim, a bandidagem vai esgueirando-se, aqui e ali, nas brechas deixadas pelo "Poder" Público.
Ver cenas na TV, ou ler notícias de que bandidos teriam ligações com as FARC, adotando táticas de guerrilha, armamento pesado, não me surpreende.

Tempos atrás, tive a oportunidade de ler "Comando Vermelho – A História Secreta do Crime Organizado" (Carlos Amorim).
Na época da ditadura, criminosos comuns, sem qualquer tipo de instrução, foram misturados aos presos políticos, esses sim, intelectuais e com ideais de socialismo.
A idéia inicial dos presos políticos era doutrinar os criminosos para o socialismo, de modo que pudessem criar uma espécie de Associação, na qual os familiares pudessem ajudar-se mutuamente. Dessa maneira, acreditava-se na amenização do sofrimento daqueles que estavam encarcerados.
Contudo, o tiro saiu pela culatra.
Os bandidos tinham o destemor, a prática.
Faltava-lhes a teoria.
Fizeram o ensino básico, médio, superior e pós-graduação com os presos políticos.
Fugiram da Ilha Grande com a base do "Comando Vermelho" formada.
Japonês, Bagulhão, Professor e Escadinha, principais fundadores do Comando, tiveram excelentes mestres na cadeia.
Agindo de forma planejada, a bandidagem começou a angariar fundos para as suas ações, espalhando uma terrível onda de assalto a bancos, joalherias e toda a sorte de atividades que lhes rendessem lucros altos e imediatos.

Bandido com dinheiro, faz o que?
Gasta?
Errou redondamente, camarada.
Bandido leso torra tudo o que ganha!
É o famoso "band-aid do creme".

Já no CV, os "bandidos do crime" investiram pesado em armamento, recrutamento e treinamento de soldados.
Até pouco tempo, quem dominava os morros eram os bicheiros, com suas bancas de jogo-do-bicho e seguranças truculentos.
Época boa, se é que podemos chamar assim.

No entanto, como disse acima, a bandidagem tem e capacidade de adaptar-se aos novos rumos.
Descobrem as drogas e, conseqüentemente, os usuários.
Espalham novas pragas sobre a cidade, atingindo não só a classe pobre, mas também a classe alta, incluindo-se aí integrantes do Governo.
As forças armadas são ótimas fornecedoras de material humano para o Crime Organizado.
Ou seja, o Poder Público entrega, de mão beijada, mais soldados para o Crime.
Foi-se a época em que bandido não sabia ler ou escrever, usava chinelo Havaianas, roupas esfarrapadas e dentes podres.
Bandido dos tempos modernos entende (e muito) de tecnologia, usa roupas caras, terno e gravata, é diplomado e, se bobear, são até eleitos de forma democrática para representarem o povo.
Estão aí os escândalos envolvendo autoridades de todos os escalões, que não me deixam mentir.

E a polícia, o que faz?
Combate o crime, certo?
Errado!

A polícia também cria novos métodos para aumentar os rendimentos.
Ao invés da repressão, transformam-se em fornecedores de armas e facilitam a entrada de drogas no País.
Não é interessante para a polícia acabar com o crime.

Em "Notícias de Uma Guerra Particular" (documentário de João Moreira Salles e Kátia Lund), o então Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Hélio Luz, escancara: "A polícia é corrupta! Foi criada para manter o favelado na favela, longe da classe alta."

Um soco na boca do estômago, certo?

Então, meus caros, esperem para ler "Abusado – O Dono do Morro Dona Marta", onde o ilustre Caco Barcellos destrincha a realidade de um chefe do tráfico, a corrupção da polícia e de políticos.
Aliás, em se tratando de Barcellos, a corrupção é tema recorrente em seus livros.
O primeiro deles, responsável por seu exílio no exterior, "Rota 66 – A História da Polícia Que Mata", descreve com impressionante riqueza de detalhes a banda podre da polícia.
Um dos relatos mais impressionantes é do assassinato, a sangue frio, de Pixote, um ex-morador de rua que ganhou notoriedade quando sua história de vida ganhou as telas.

Tentei escrever esse texto dias atrás, ainda sob o forte impacto causado por "Tropa 2".

Felizmente, tive tempo de refletir a respeito, senão sairia muito mais do que posso contar aqui.

Infelizmente, já vivi (ou ainda vivo) dentro do "Sistema".

Participei de ações que envolviam "pegar pesado" com a classe pobre e "pegar leve com a classe alta".

"Baixa o cacete no pobre e beija a bunda do rico."

Mais ou menos por aí.

Hoje, infelizmente, os noticiários estão pipocando com a guerra instalada em morros cariocas.
Caveirões subindo o morro, blindados da Marinha, fuzileiros navais a postos.
E a TV mostrando os bandidos em fuga.

Será mesmo?

Pelas atitudes dos criminosos, fica clara a aplicação das táticas de guerrilha.
Armamentos capazes de perfurar um blindado, granadas, equipamentos de última geração.
Tudo nas mãos dos bandidos.

A polícia "apreende" armas, drogas, prende centenas, etc. e tal.

Tudo prá inglês ver!

Afinal, o Crime Organizado, tendo chegado ao nível de sofisticação que chegou, daria mesmo a mancada de deixar armamento e drogas dando sopa no morro?

As ações começaram no domingo.

A polícia toma o morro na quinta-feira.

São só cinco dias para a bandidagem ajeitar as coisas.

A saída?

A resposta você encontrará assistindo "Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro".

Ah, só prá constar, o lema do Comando Vermelho: "Paz, Justiça e Liberdade".

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Muita Calma Nessa Hora - O Filme


Bom, antes de mais nada, deixo claro que não sou nenhum crítico de coisa alguma, tampouco tenho pretensão de sê-lo.

Na minha humilde opinião, crítico é aquele que não teve competência (ou culhões) prá fazer o que você fez e fica dando pitaco no seu trabalho.

O alardeado filme "Muita Calma Nessa Hora", do versátil Bruno Mazzeo, estreou na última sexta-feira 12/11/10.

Acompanhei boa parte do desenrolar das filmagens, graças às tuítadas do Bruno.

E, de tanto ver recomendações, fui lá conferir!

Graças a uma promoção de um determinado shopping aqui de BH, comprei o ingresso a R$ 7,00 (inteira) e fui prá fila.

Sorte minha! Fui o PRIMEIRO a chegar!

Azar o meu! Faltava UMA HORA prá começar o filme!

Bendito twitter, o Santo daqueles que enfrentam filas e longas esperas!

Passada e expectativa inicial, tive o privilégio de escolher onde sentar.

Aliás, fica uma dica para os espectadores: larga mão de ser besta e deixar tudo prá última hora! Chega cedo e compra o ingresso antecipado, pô!

Portas em automático, começa a exibição.

Claro que o filme começa só depois de longuíssimos agradecimentos aos patrocinadores, etc. e tals, comum aos filmes nacionais!

De cara, Tita (Andréia Horta), Mari (Gianne Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza) aparecem conversando em um bar, sobre alguns dilemas.

Já na primeira cena de humor, impossível não gargalhar até sentir o gato subindo pela garganta, com a incrível (mas verdadeira) situação protagonizada por Bruno Mazzeo e Ellen Rocche.

No decorrer da trama, salpicada de frases extraídas de várias músicas (teve até "Faroeste Caboclo" em uma das falas), as três amigas protagonizam cenas que identificam o cidadão comum, com as roubadas pelas quais passam no dia-a-dia, principalmente os amantes de baladas.

Inserida no trio, surge Estrella, um produto riponga resultante de uma complicadíssima suruba Mercosul!

O destaque mais do que especial fica para Fernanda Souza e a sua impagável Aninha/Soninha, lerda e desbocada, e para o versatilíssimo Luis Miranda, com o seu "Chez Gay".

Rita, de Maria Clara Gueiros, é um personagem à parte, que vai à loucura com as tresloucadas amigas.

O que chama a atenção no filme é a fantástica caracterização dos personagens!

Descobri Marcelo Tas somente nos créditos finais!

E Lolo Perisse ganha uma participação que retrata exatamente o personagem que mais sabe fazer: a típica cara-de-pau!

No mais, muito bom humor, tiradas fantásticas de Gianne Albertoni, comportamento tipicamente gemininiano de Fernanda Souza e gritinhos histéricos de Luis Miranda.
Junte-se a isso, uma pitada de romance (daqueles de arrancar suspiros da platéia apaixonada) e emoção na busca de Estrella pelo pai Mercosul.

Parabéns a todo o elenco competentíssimo, ao roteiro fantástico, sem usar clichês ou o lugar comum, freqüentemente utilizado nos humorísticos.

"Muita Calma Nessa Hora", um filme que deixa aquele gostinho de quero mais!

Cotação: bonequinho aplaudindo de pé, com cãibra nas mandíbulas de tanto rir!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Homenagem a uma pessoa muito querida...Lux !


Et facta est lux

(Luiz Henrique Prieto)

Sorriso nissei perolado...
Que quando se abre
Ilumina tudo ao derredor...

Divindade da luz...
Seu toque transcende o sopro do vento
Transmitindo aquela gostosa sensação
De um fim de tarde primaveril...

Teu corpo, desenhado à proporção divina
Vagueia leve, etéreo...
Bailando, graciosamente,
Por entre harpas e querubins...

Derramando lux e graciosidade
Deixando embasbacados, pobres mortais...

Humor fugaz, banhado de olhares perspicazes
Gestos magnificentes, largos, generosos
(curvas, idem)...

Sensibilidade de criança
Num’alma cristalina...
Alcançar o paraíso é tarefa fácil
Estando em sua agradável companhia...