quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SOBRE O TEMPO...

(Trecho extraído do Show "Eu e o Tempo", gravado no Canecão, RJ, em janeiro de 2009)



"Eu vivo, sabe, nesse embate constante com o tempo.

Eu me recordo que em uma das noites em que eu mais podia aprender sobre o tempo, foi uma oportunidade que eu tive de passar uma noite com um amigo meu que estava doente, numa fase terminal de câncer, e eu tinha ido prá’li, prá poder ser útil naquela noite, né, cuidar dele.

Eu me recordo que no meio da noite eu acordei com o choro dele, no meio daquele escuro e aí eu fiquei assustado e perguntei pra ele, né: 'Robinho, aconteceu alguma coisa?'

Ele me disse assim: 'Não, é que eu tô com um pouco de dor, mas já tomei um remédio.'

Aí estabeleceu-se aquele silêncio, né?

Eu fiquei extremamente desconcertado, porque na verdade eu estava ali para cuidar dele!

E eu acho que ele percebeu o meu desconcerto e me disse assim: 'Meu amigo, não se preocupe não. Hoje, só de saber que você está aqui dentro desse quarto, já torna a minha vida um pouco mais feliz'.

Naquele momento, eu experimentei o que não é do tempo.

Porque o tempo é essa força que nos envelhece, que nos entristece, que nos mata, que nos leva embora, que nos distancia e, naquele momento, eu experimentei a ausência do tempo, quando você pode ser inútil, quando você tem o direito de ser inútil pra alguém.

'Não fez o que deveria ser feito, mas o que me importa é que você está aqui, ao meu lado'.

É tão lindo, minha gente, quando nós, na vida, temos a oportunidade de criar essa brecha no tempo, quando nós conseguimos aliviar a nossa vida, a nossa existência, a partir do amor que a gente ama, e os amantes sabem muito bem disso: Quer fazer esquecer o tempo? Ame!

Por isso que eu dizia aqui no início (referindo-se ao texto de abertura do show 'Eu e o Tempo'):

Ele, sacerdote das causas humanas, o Tempo.
Eu, sacerdote das divinas causas.

Que numa madrugada, eu aprendi o verdadeiro significado do amor.
Que concebe qualquer forma de inutilidade, não há problema.
O importante, é o que nós significamos um para o outro.
Isso é amar.

Obrigado.

Obrigado por me fazer neste tempo de hoje, mais uma vez recordar, viver, que mais uma vez eu venci o Tempo, com a liturgia que o amor proporciona."


Padre Fábio de Melo

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

VERSOS SOLTOS...


Retornar aos lugares onde estivemos, me trás boas recordações.

Não sei o que me dá mais medo: subir ao sótão ou descer ao porão?

No sotão guardo lembranças boas, fotos amareladas pelo tempo, roupas empoeiradas, cadernos antigos.

Coisas que me remetem a um passado nem tão longínquo, mas que provocam na espinha aquele gostoso arrepio.

No porão guardo traquitanas, coisas alquebradas, cacos.

Habitam assombrações, fantasmas.

Coisas que me remetem a um passado nem tão longínquo, mas que provocam na espinha estranhos calafrios.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

RELACIONAMENTOS ANALÓGICOS OU DIGITAIS?

(by Luiz Henrique Prieto)

Alguns conselhos úteis, de um fotógrafo amador em começo de carreira, registrando a natureza.

Antes de mais nada, o fotógrafo precisa compreender que ele é um estranho invadindo o pedaço!

Logo, sua aproximação causará desconfiança, medo e, conseqüentemente, fugas ou ataques dos insetos, animais e até mesmo de plantas.

Assim, chegue bem de mansinho, como quem não quer nada, pé ante pé, sem fazer barulho.

Dê um passo e pare.

Observe.

Dê mais um passo e pare.

Observe novamente.

Vá se aproximando até onde o objeto de desejo permitir.

OLHOS: devem estar atentos a todo e qualquer movimento.

É imprescindível que você seja sincero com o objeto de desejo, transmitindo confiança, segurança e nenhuma ameaça.

É preciso também, trocar o "filtro"!

Uma flor mixuruca pode conter segredos que, se bem observados, podem transformar-se em imagens maravilhosas!

O mesmo vale para uma pedra sem graça, que pode servir de laje para um lagarto se bronzear, as nuvens sem graça que tomam formas interessantes e até mesmo uma reles poça d’água, que pode refletir imagens maravilhosas.

OUVIDOS: devem estar atentos a qualquer barulho, por menor que seja.
O Silêncio absoluto é imprescindível!

Uma folha caindo pode indicar a presença de pássaros ou roedores.

Pássaros costumam fazer ninhos em meio aos galhos mais protegidos.

E esquilos adoram habitar árvores com folhas mais cerradas!

Mas, para chegar a esse ponto, é preciso que você interaja com a natureza, estando atento a todos os sons.

Com o tempo, acredite, você será capaz de ouvir o zumbido de asas de uma abelha!

No entanto, alguns artistas merecem destaque: há um pássaro que, acreditem, imita o som de um gato recém-nascido!

E os Quero-Quero, defendendo o seu ninho?

Quando sentem a aproximação de algo estranho, emitem pios sonoros, capazes de espantar qualquer inimigo!

Quando não logram êxito com os pios, distraem a atenção do suposto predador, correndo cada um para um lado, sem no entanto, tirarem os olhos do ninho.

Se o suposto predador se aproxima de maneira perigosa, aí sim os Quero-Quero levantam vôo e começam a dar rasantes sobre o invasor.

É o último aviso!

CORPO: O Sistema Vivo, que envolve tudo aquilo da natureza animal, vegetal ou mineral, é bastante complexo.

Como se fosse uma gigantesca teia de aranha, qualquer mínimo movimento será sentido em qualquer parte dessa teia.

Logo, os gestos devem ser suaves, calculados e não permitir, de forma alguma, que o objeto do desejo perceba algum tipo de ameaça.

Em contrapartida, a natureza também é curiosa!

Afinal, ela quer saber quem é esse invasor que não faz parte do pedaço.

Quem é esse ser que chegou sem ser convidado?

Um exemplo? Esquilos!

Transmiti tanta confiança a esses pequenos roedores que um deles quase pegou a câmera.

Tive que dar um salto para trás!

Caso contrário, corria o risco de ser, literalmente, escalado.

Abelhas também são fantásticas!

Mas, meta-se a invadir o espaço delimitado por elas prá você ver!

Porém, se conseguir interagir, pode fotografar à vontade.

Uma outra dica, muito interessante: nunca perca aquele momento, pois é único!

Fotografar pássaros, animais e insetos em liberdade é uma arte que conta com a complexa equação SORTE + PACIÊNCIA + ACASO.

E nem sempre os três elementos andam juntos!

Às vezes pinta o ACASO, mas você está sem SORTE.

Você não está com a câmera ou a mesma descarregou, fazer o quê?

Logo, não pense duas vezes em registrar aquele momento!

Uma planta que está bela hoje, pode murchar até amanhã!

O formato das nuvens jamais será igual nos próximos segundos!

Nenhum, absolutamente NENHUM alvorecer será igual ao outro!

A parte mais gostosa da fotografia amadora fica pro final: a imagem ampliada na tela do monitor!

Você vê detalhes que não havia observado, por mais que os olhos estivessem atentos, o ouvido sincronizado e o corpo em perfeito estado de harmonia com a natureza.

Ah, para começar a fotografar, não precisa de muitos recursos, câmeras de última geração, apetrechos e tals.

Use uma câmera digital, para principiantes e com poucos recursos.

Sabe-se lá se você vai perder o gosto pela coisa?

A única diferença entre o equipamento analógico e o digital é o resultado: no analógico, o resultado vem somente depois de um longo processo de captura, processamento e revelação.

O resultado final pode levar de uma hora a dois dias, dependendo da empresa que fará o serviço.

Já o equipamento digital permite aferir o resultado quase que instantaneamente, permitindo clicar e apagar a imagem quantas vezes forem necessárias, até obter o resultado desejado.

Contudo, se a câmera estragar, o HD do PC queimar e você não tiver um backup, meu amigo...já era!

Agora que tivemos algumas dicas interessantes para o início da fotografia amadora, que tal aplicar as dicas em relação às pessoas, mais especificamente aos relacionamentos?

Releia as dicas, desde o começo, colocando como objeto de desejo os seus relacionamentos.

No final, você decide!

Relacionamentos digitais ou analógicos?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DECISÕES

(by Luiz Henrique Prieto)

Hoje decidi não fazer nada.

Decidi não acordar cedo, não irei trabalhar.
Não atenderei aos apelos insistentes do despertador...

Decidi me libertar das amarras impostas por essa sociedade,
Hipócrita, vil, mesquinha...

Ficarei na cama, preguiçosamente,
Até que o calor, a fome ou os pernilongos me expulsem.

Aliás, decidi não tomar café no horário,
Pois hoje não tenho horário!

Hoje sou Chronos, Senhor do MEU tempo!

Hoje sou livre!

A casa bagunçada.
A louça ? Por lavar.
Típico habitat do ser não escravizado.

Tomarei um longo e preguiçoso banho,
Sem me preocupar com o gasto de água ou energia elétrica.

Decidi gastar um sabonete inteirinho!
Sentir a água morna libertando meu corpo do cansaço,
Da iniqüidade desse mundo cão.

Também não secarei o meu corpo!
Deixarei que as gotículas evaporem naturalmente, livres.

Ficarei com os meus CD’s, os meus livros,
As minhas "coisas sem importância".

Ouvirei músicas bregas, dançarei desengonçado,
Escreverei coisas sem nexo.

Decidi me drogar!

Sim, e porque não ?

Estou farto de coisas proibidas!

"Não pode isso, não pode aquilo..."

Dane-se !

Tomarei uma overdose de Coca-Cola.
Comerei salgadinhos, hambúrgueres, chocolates, besteiras.
Tomarei uma dose maciça de sorvete de baunilha.

Melhor ainda!

Caminharei, pés desnudos, até uma praça.

Injetarei na veia, o perfume de cada flor!

Aspirarei (e segurarei ao máximo em meus pulmões)
A essência divina que exala de cada rosa,
De cada lírio, de cada alecrim.

Chove.

Mas não corro.

Estiro-me na grama, braços em cruz.

A chuva leva minha alma

E lava minhas lágrimas.

Abro os olhos.

Uma criança me sorri.

Sorrio de volta.

Afinal, um anjo...

Hoje, decidi viver.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

SENTIMENTOS

(by Luiz Henrique Prieto)


Às vezes, apostamos no alheio, na esperança de fazer surgir ali algo forte, puro, verdadeiro.

Começa com uma troca de olhares.

Depois vem um despretensioso "oi".

Daí a pouco, os diminutivos.

Surge a necessidade, quase cotidiana, de dar ou receber algo de bom ao outro.

Como num flerte juvenil.

Feito antigamente, quando namoro entre crianças limitava-se a andar de mãozinhas dadas.

A expressão máxima do amor era representada por um abraço sincero, regado a beijo estalado na bochecha.

Amor infantil, puro, verdadeiro.

Sem coisas materiais.

Sem posses ou cobranças.

Apenas a feliz necessidade de estar ao lado de quem se gosta.

E o gostar, não raras as vezes, confunde-se com amar.

Embora o amor, na sua máxima plenitude, esteja muito acima do amor adâmico, amor carnal, amor homem-mulher.

Amar.

Querer o bem alheio, incondicionalmente.

E por medo de amarmos infantilmente, estragamos uma possível bela amizade.

O olhar alheio e a língua ferina dos mal amados, aliados ao filtro errado, certamente produzirão naquele casal de crianças a falsa impressão de um romance libidinoso.

Às vezes, somos traídos, pegos de surpresa, pelos próprios sentimentos.

Pernas trêmulas, coração aos pulos, nó na garganta.

Amor?

Sim!

Amor-essência, entre estranhos que até então, mal se conheciam.

Mas que descobrem, casualmente, outras maneiras de despertar novas sensações.

Passada a adrenalina do pré-encontro, vem a sensação de estar nas nuvens.

E, como num ciclo vicioso, a necessidade do bem estar aumenta cada vez mais.

Vicioso, como endorfina.

Injetada na veia, a boa sensação surge, quase que instantaneamente, como num abraço.

Infelizmente, o efeito não é duradouro.

Daí, a necessidade absurda de doses cada vez mais intensas.

E, como em todo vício, quando a substância principal é retirada, vem a abstinência.

Alguns sobrevivem, outros não.

Muitos sofrem, em demasia.

Poucos buscam novas fontes de obtenção do prazer.

Raros os que apenas sorriam, ainda que um sorriso triste, ante a incompreensão.

E seguem, em frente...

"Caí, no chão não fiquei.
Me vergo, suporto, levanto.
Sou forte, sou feito
Madeira de Lei".

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sonhos não morrem, jamais...


Quisera tanto te chamar de amor.

Quisera tanto ser tua lua, estrela e ser para você o universo.

Sonhei que era tua princesa.

Sonhei que era tua....tão somente..

Vivi de sonhos...

Vivi de ilusão...

O que eu não via era que já me pertencia.

Era meu amigo.

Não um amigo qualquer, o melhor que uma mulher pode querer.

Eu, num desespero louco....coloquei tudo a perder....

Se pudesse apagar meus atos inconseqüentes...

Se eu pudesse voltar no tempo.

Mas não posso.

Vou viver... ou sobreviver...

Carregando a culpa de nunca ter te compreendido num momento tão sofrido.

Carregando a tristeza de não ter seu perdão.

Meus olhos demonstram que minha alma chora.

Minha boca amarga.....as palavras secam...

Não existe água que possa refrigerar esse sofrimento.

Que possa acabar com o deserto em que se encontra meu coração...

A única fonte que poderia por fim a esse desespero é o oásis do teu perdão.