quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

VINTE HORAS



(Luiz Henrique Prieto)




O que são vinte horas?

Para muitos, uma jornada intensa e cansativa.

Duas jornadas e meia de trabalho.

O tempo de uma viagem ao exterior.

A volta prá casa.

Mas para mim, vinte horas representaram o período em que alguém segurou minha mão bem firme, olhando em meus olhos, com ternura, e disse, com uma voz doce e suave: "Vem comigo. Não tenha medo".

Caminhei, andar trôpego, pernas trêmulas, desconfiado.

Mas, à medida em que aquela voz suave me guiava, fui ganhando confiança.

Passos firmes.

As nuvens cinzentas foram cedendo lugar a um belíssimo horizonte.

Fantasmas, frutos de um coração machucado, exorcizados.

Medos banidos.

E a confirmação de que algo muito forte nos une, vinda entre lágrimas, sorrisos, sussurros e deliciosas gargalhadas.

Palavras de um futuro bom....

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

NÃO TE QUERO







(Luiz Henrique Prieto)






Não te quero bibelô...

que depois de me divertir, guardarei na prateleira, junto com outros brinquedos que outrora me deram prazer e diversão.



Não te quero pedaço de carne...

exposto em ganchos, que depois de muito mastigar, atirarei num amontoado de tantas outras carnes, as quais, outrora suculentas, tornarem-se insossas.



Não te quero com mentiras...

feito aquelas outras tantas que usei para atrair, seduzir e enganar corações desavisados.



Não te quero feito bichinho de estimação...

que quando a gente cansa, enxota com um pontapé, seguido de um sonoro "sai prá lá!".


E, quando sozinho,

basta um "vem com o papai", prá ficar tudo bem outra vez.



Quero brincar com você...

mas de sonhar e fazer planos, correndo, mãos dadas, pela grama verdinha.



Quero tua carne...

mas para saboreá-la, demoradamente, como quem aprecia uma rara iguaria.



Lentamente.



Uma.



Duas.



Três.



Infinitas vezes...



Admirando cada minúsculo pedaço do teu corpo,

com voracidade, mas tendo a preocupação de, ao mesmo tempo, preservá-la tenra e saborosa.



E, ainda que o tempo se encarregue de desgastá-la,

temperos e condimentos haverão de torná-la sempre deliciosa ao meu paladar.



Te quero...


com todas as verdades, por mais doídas que sejam.



Que não haja meias-verdades,

entrelinhas, coisas no ar, reticências...



Que doam...


mas que doloridas sejam e que não haja espaço para mentiras e enganos, que estilhaçam a confiança e dilaceram o coração.



Te quero sim...


feito bicho de estimação.



Não para enxotá-la!



Mas para acarinhar, pegar no colo.



Deitar juntinho no sofá,


ficar quietinho ao seu lado, quando triste estiver.



Fazer festa quando você chegar.



Mostrar os dentes quando alguém te ameaçar.



Te guiar na escuridão.



Não te quero objeto.



Te quero mulher.



Por completo.



Com os teus erros e acertos.



Te quero, Letícia.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O AMOR URGE !


(Luiz Henrique Prieto)


O amor urge!

Mas é preciso esperar.

Porque o amor, assim como a semente, se não for cuidadosamente cultivado, não vingará.

Verde, pode amargar, com gosto de ciúme, posse, desconfiança, não aceitação do jeito de ser do outro, fácil irritação com os pequenos defeitos, condenação dos pequenos delitos, desencanto quando sai a maquiagem.

Maduro, torna-se dócil, paciente, benevolente, compreensivo, amigo.

Resiste às intempéries da vida.

Doma o ciúme.

Amansa o coração.

Acalenta a alma.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

ARRUMAÇÃO


(Luiz Henrique Prieto)

Por quem arrumo minha casa?

Por mim mesmo, oras!

Afinal, se eu não me importar e cuidar de onde habito, quem mais haverá de cuidar?

As visitas são perenes, vão e vêm, mas não permanecem tempo suficiente para perceberem o pó no cantinho da estante.

Já eu, que convivo ali diariamente, percebo os menores indícios da má conservação.

Para as visitas inesperadas, a gente sempre dá um jeitinho de fazer aquela arrumação relâmpago!

Mas, e eu?

Onde fico nessa história?

Constantemente fazendo uma faxina geral, cuidando da arrumação!

Dá trabalho, viu?

Mas depois, lá na frente, cuidarei apenas da manutenção, mantendo a casa limpa e organizada, para que as próximas visitas possam permanecer por muito mais tempo!

Quem sabe, uma dessas visitantes não resolve fixar residência, em definitivo.

A você, que vem me visitar, peço apenas uma coisa: tire as sandálias e limpe os pés, antes de adentrar onde eu habito.

Porque aqui, o solo é sagrado!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

MAÇÃ - ESCOLHA A SUA




(by Luiz Henrique Prieto)







Todos querem a felicidade, e o foco principal é encontrar a alma gêmea, a metade da laranja.
Almejam encontrar quem lhes fará suspirar, o coração bater descompassado e os pensamentos ficarem confusos.
E, claro, esperam a pessoa perfeita, sem falhas, fraquezas ou pequenos defeitos.



Bom, fazendo um paralelo com a maçã, temos a seguinte situação:
Você chega na banca de frutas e dá uma boa olhada, superficial.
À primeira vista, as maçãs que estão por cima, na crista da onda, são bem vistosas, com um brilho de encher os olhos.



As demais, que ficam quase escondidas, já nem brilham tanto, perderam o visco.
As primeiras, têm uma casca praticamente perfeita, lisa e brilhante, num tom radiante que até pode significar paixão intensa.



As segundas, já nem brilham tanto: as cascas estão machucadas, o tom radiante perdeu o visco, o aspecto já nem é tão agradável assim.



Porém, as maçãs "top" despertam a gula dos mais apressados, que chegam a salivar, antes mesmo de terem experimentado.
Invariavelmente, todos vão examiná-la, passando de mão em mão, até que algum gaiato (ou gaiata) resolva levá-la prá casa.
Decerto, colocará o troféu sobre a mesa, numa bandeja vistosa, para exibi-lo com triunfo aos olhares dos supostos invejosos.



Já as outras, aquelas feinhas, com cicatrizes, somente serão escolhidas quando faltarem as primeiras.
Fatalmente, terão como destino, a última prateleira da fruteira.
Ou ainda, o fundo da gaveta da geladeira!
Afinal, ninguém vai querer sair por aí, exibindo uma fruta machucada, cheia de cicatrizes.



Mas, e a polpa?
Será que, quando removemos a casca, a polpa é diferente?



Os frutos têm a mesma origem!



Foram submetidos aos mesmos tratamentos.



Receberam os mesmos cuidados, o mesmo carinho, o mesmo afeto, o mesmo amor.



Foram cuidadosamente selecionadas e colhidas, na mesma época.



Os machucados, as cicatrize, são resultados da mão humana que, alheia aos cuidados do Criador, manipularam os frutos de forma errada, ao seu bel prazer.



Então, meus queridos, minhas queridas, da próxima vez que forem escolher uma maçã, ou mesmo que essa lhes caia "acidentalmente" no colo, lembrem-se que a casca é perecível, uma mera superfície.



Já a polpa....hummm!



Essa sim, é uma DELÍCIA!!!


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Amor de Prostituta


(Luiz Henrique Prieto)



Todas as manhãs

Ela se arruma

Se perfuma

Se maqueia

Mas não prá você...


Escolhe a melhor lingerie

Ensaia caras e bocas

Estuda suspiros, gemidos

Mas não por você...


Na cama se entrega

Apenas de corpo

Num jogo frenético

Do vai e vem do quadril

Mas não com você...


E faz peripécias

(faz até dancinhas!)

Se contorce

Se esfrega...

Mas não com você!


Entrega o seu gozo

Fingido, admito

Ao amado pagante...

Mas não prá você!


Mas, quando acaba o batente...

O sorriso alegre

O abraço apertado

O beijo sincero

O amor aplacado

O prazer derradeiro

A mulher verdadeira

De corpo e de alma

Se entrega...

Somente para você !!!