quinta-feira, 19 de agosto de 2010


DANY BANANINHA

Tempos atrás, uma revista masculina pensou tê-la, literalmente, descascado por inteiro...

Pobres incautos!

Mal sabiam...

O que foi mostrado em ensaios fotográficos, ainda era a casca...

Beleza efêmera...

Ainda que perdure por duas, três décadas, efêmera.

A casca, tal qual a das verdadeiras frutas, perecerá...

Perder-se-ão as segundas, terceiras, infinitas más intenções...

O que não sabem os incautos é que Dany é especial...

Composta por várias camadas (ou cascas) palpáveis aos olhos da grande platéia.

Contudo, a parte intangível dessa fruta tão diferenciada, única, é reservada apenas e tão somente a seres especiais: Pitchuca, Tia Nilza e alguns poucos verdadeiros amigos.

Feliz daqueles que têm o prazer e a honra de desfrutar de tão rara (e deliciosa) essência!

A casca, decerto, perecerá...

Mas, a pureza dos sentimentos, a inocência e o carinho de criança presentes nos olhos e no sorriso fácil e a imperfeição deixada nas pegadas demarcadas na areia e a leveza da alma, serão reveladas, num mavioso festim primaveril, restrito àqueles que enxergaram em ti, muito mais do que meras camadas...

Com carinho,

Luiz Henrique Prieto

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

IDENTIDADE


(by Luiz Henrique Prieto)



"Luiz Henrique, esse é o seu nome.
Nem Luiz, nem Henrique!
Luiz Henrique"!

Palavras de minha mãe, ainda criança.

Já fui Luiz, já fui Henrique

Lú.
Lulú.
Luigi.
Luiz Mineirinho

Luiz Prieto
Big Quick
Rick
Ike

Chac
Chacal
Já fui Nil
Chacquille

Duca Pinduca
Boquinha
Bibi
Bi

Urso
Santo
Carcaju
O Grande

Já fui "o filho da Sônia"
O "irmão do Bocão"
Já fui "Porto Seguro"
Hoje sou solidão.

Tuiteiro
LhenriquePrieto

Fotógrafo
Luy Prieto

Escritor
Luiz Henrique Prieto

Já fui tudo
Hoje não sou nada.

Hoje sei que sou
Quem não sou

Amanhã?
Espero prá ver...
CURRICULUM VITAE


(by Luiz Henrique Prieto)



Ontem era amado.
Hoje, odiado.
Já fui bem vindo.
Hoje, mal quisto.

Fui amigo.
Hoje, inimigo.
Já fui querido.
Hoje, banido.

Flanelinha
Vendi pipoca
Engraxei sapatos
Catei lixo
Lavei carros

Despejado
Esfomeado
Molestado
Humilhado

Mendiguei
Comia em supermercados
Vendi frutas
Desmaiei de fome

Vendi chup-chup
Vendi picolé
Gritei "Aê o Estado"!

Roadie
Porteiro
Segurança
Servente
Pintor

Carreguei compras de madames

Aos cinco, vendia biscoito frito,
Café e Toddy, em obras
Fazia cobranças

Feito cão de guarda
Grudava no calcanhar dos caloteiros
Duas, quatro, seis horas de espera

Aos nove,
Nove quilômetros à pé
(às vezes, dezoito, ida e volta)
De casa à escola
(tinha vergonha de pular
a roleta do ônibus)

Matei aula no pé de manga
Perdi vaga na escola

Aos doze, dona de casa
Lavava
Passava
Cozinhava
Levava os menores na escola

Seviciado na adolescência
Fui o pior e o melhor da escola
Li Sabrina, Júlia, Bianca
Mas também Hitchcock

No teatro fui ator,
Redator, diretor
Fiz cinema

Cinco dias de gravações
Cinco minutos de exibição

Nenhum glamour
Nenhum autógrafo
Apenas recordações

Aos dezessete,
Brincava de "Comandos Em Ação"
Com os meus bonequinhos articulados

Tive meus quinze minutos de fama
Diante de vinte mil pessoas

Não tive carro
Mas tive grana
E um monte de convite
Prá qualquer lugar

Já fui líder
Nunca chefe
(Não aprendi a bajular
Tampouco a engolir sapos
Ou puxar tapetes)

Já fui respeito
Hoje?
Chacota

Uma doença contagiosa
Que a todos afastou

Feito bagaço de laranja
Cujo o sumo foi extraído

Tentou a foice
Ceifar-me, inúmeras vezes
Nem prá isso eu servi

"Mas se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados..."
SONHOS


(by Luiz Henrique Prieto)

Em sonhos de criança
Quis ser um marinheiro
Depois, aviador.

Mais tarde, violeiro
Mas também
Quis ser Doutor.

Hoje, homem feito
A caminho dos quarenta
Escrevo, de forma sôfrega e lenta
O porquê de tanta dor.

VERSOS SOLTOS...

(by Luiz Henrique Prieto)


"Sou feito cão vira-latas, vadio.
Melhor nem me seguir!
Caso contrário, vagarás a esmo
Aqui e acolá".

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Roubalheiras, vazamentos, mordomias, endoscopia, Zveiter...haja Omeprazol!

Havia escolhido apenas três tópicos para resumir a semana que passou, mas dois fatos chamaram a atenção no último domingo e é com eles que iniciarei a resenha.
O Fantástico exibiu um bando de vereadores esbaldando-se com o dinheiro do contribuinte (eu, tu, ele, nós, vós, eles).
Os picaretas, que deveriam freqüentar cursos de aperfeiçoamento (creio eu que, a disciplina principal seja "Cinco Dedos e Uma Corrida"), aproveitavam a carga horária e passeavam por pontos turísticos.
Existem especialistas ensinando a dar o tomé no dinheiro público.
O esquema é tão simples que até o Roque Santa Cruz, jogador de futebol, obteve um diploma, como se tivesse freqüentado curso algum.
"A casa caiu, malaco"!
Menos de 24 h após a exibição, a Polícia Civil deu o rapa na Câmara, levando documentos, diplomas e outros bichos.
Parece que dessa vez, a única coisa que terminará em pizza será Passione.


Zeu.
Ou Zeus, vai saber.
Condenado a 23 anos pela morte do jornalista Tim Lopes (foi o responsável por comprar a gasolina que, mais tarde, seria jogada sobre o corpo de Tim), cumpriu cinco anos e ganhou da justiça a progressão da pena, por (acreditem) bom comportamento!
Na primeira oportunidade, saiu da penitenciária para visitar a família e nunca mais voltou.
A polícia está à sua procura há três anos!
Nunca o encontrou.
Mas o Fantástico sim!
Curioso.
Vivemos em um país onde jornalistas são mais inteligentes e muito mais bem informados que a polícia.
Ou, quem sabe, menos omissos e mais éticos.
Zveiter, aquele mesmo que pintou e bordou no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, diz que não podem fazer nada, pois a mesma lei que condena, protege o criminoso.
Beltrame, o Secretário de Segurança Pública, afirma que é impossível capturar o criminoso em seus domínios.
"A operação é complexa. Inocentes poderiam perder a vida."
Gente!
Cadê o BOPE, considerado especialista em guerrilha urbana, que treina inclusive policiais de outros países?
Ou será que o BOPE é eficiente apenas na ficção?
O fato é que, enquanto a morosidade jurídica mantém Zeus em liberdade, vendendo drogas ao ar livre, como se fosse aqueles vendedores de ervas e raízes em uma feira, o pobre coitado do trabalhador é quem paga o pato!


Armas roubadas de um Fórum!
Dio Santo!
A expressão máxima da Justiça, sendo assaltada!
Isso porque o Juiz responsável é linha dura, tem tudo sob controle e nunca perdeu as armas, sob sua responsabilidade, de vista.
A coisa foi tão feia que os larápios tiveram a ousadia de substituir armas por pesos, para que, durante a conferência, algum otário acreditasse que ali havia algum armamento.
Desconfio que o bandido seja o mesmo que, dias atrás, vendeu garrafas de água mineral, como se fossem um notebook, a um coitadinho saído de Rondônia.
Ah, o Juiz havia reclamado da falta de segurança, dias atrás.
É como se o vigia de um banco confidenciasse a alguém: "Puxa, se alguém entrar aqui no horário do meu almoço, vai fazer a festa. E olha que nem ando armado, hein"?
Como diz um amigo meu: "Entregou o ouro pro bandido"!

Prosseguindo com as bizarrices, um jornal de Belo Horizonte soube, até mesmo antes do Juiz, qual seria a decisão proferida contra o Jotinha (o tal adolescente do Caso Bruno).
Publicaram em primeiríssima mão a sentença, que nem o homem da capa preta havia pronunciado.
Leitura de pensamento?
Vazamento de Informação?

O fato é que, os casos até agora descritos, revelam o atual perfil da Justiça, embora alguns Desembargadores usufruam de suntuosos gabinetes em mármore: o Judiciário, no geral, revela-se um verdadeiro queijo suíço!

Fechando com chave de ouro, a entrevista do Sargento responsável pelo registro da ocorrência que envolveu um motorista, nas proximidades do Minas Shopping: o condutor, após sair de um exame de endoscopia, pegou a direção do veículo, "apagou" no volante, subiu na calçada e atropelou, salvo engano, sete pessoas.
Felizmente, nenhum ferimento grave.
Declaração do Sargento: "SE o DETRAN quiser, poderá submetê-lo a um exame no IML, uma vez que o elemento não apresenta sinais de embriaguês, o que nos obrigaria a realizar o teste do bafômetro".
Ou seja: mais um impune, ante a incompetência da polícia!
Gostaria de lembrar ao Sr. Sargento que, por dever do ofício, no mínimo tem a OBRIGAÇÃO de conhecer o Código de Trânsito Brasileiro.
Ou então, que ficasse calado, para não falar bobagem.
Ocorre que, o condutor, ciente de que não goza das condições físicas, psíquicas ou mentais para conduzir um veículo automotor, infringe os artigos 169 (Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança) e 252, III (Dirigir o veículo com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito), ambos do Código de Trânsito Brasileiro, além de infringir o artigo 132 do Código Penal, ou seja: "Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente".
Duvido muito que o médico tenha liberado o tal moço para dirigir.
Quando me submeti ao exame, foi um custo convencer o médico responsável de que eu iria embora de táxi.
Além disso, antes do exame, o paciente é muito bem orientado sobre as reações pós-exame.
Uma curiosidade: afinal de contas, prá que o cidadão levou junto a esposa, se essa nada fez para impedir o acidente?
Figurará como co-autora, num possível indiciamento?
Ou este será apenas mais um número nas estatísticas?

Bom, ora de tomar o meu Omeprazol.

Afinal, com tanta coisa indigesta, a azia está me matando!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A BATALHA DAS COXINHAS

(por Luiz Henrique Prieto)

Dia desses, comprei umas coxinhas congeladas, naqueles estandes que ficam perto da lanchonete da empresa onde trabalho, para poder comer no final de semana.
No sábado à noite, bateu a fome, não tive dúvida: "Vou fritar e me fartar!"

Hum...coloquei óleo na panela, de modo que as coxinhas ficassem submersas.
Tirei as benditas da geladeira, esperei um cadinho.
Coloquei algumas na panela, de modo que não ficassem apertadas, feito ônibus lotado e fui prá sala, ver TV.
Bastou sentar no sofá prá bater a preguiça.
Ficava naquela: "vou, não vou".
Chegava na porta da cozinha, espiava, voltava pro sofá.
Aliás, depois do controle remoto, foi a pior coisa que inventaram.
Principalmente o meu sofá, que me atrai de uma maneira irresistível.
Bom, quando estou quase cochilando, graças à programação maravilhosa de sábado à noite... BUMMMM!!! Ouço uma explosão!

Pensando em se tratar de foguetes, soltados por um vizinho qualquer, apenas viro de lado no colchão (sim, comecei no sofá, terminei no colchão).

Daí a pouco: BUM!!! Stupish!!! (som de coisa fritando)

De um pulo só, chego na porta da cozinha e olho, de esguelha.

Instintivamente, olho pro teto da cozinha: lambrecado de gordura!

As paredes salpicadas de gordura e pedaços de massa, como se algum artista plástico houvesse passado por ali.

"E agora? Fazer o que? Ainda faltam umas 10 coxinhas!"

Me armo de coragem.

Entro no quarto, visto calça comprida, jaqueta, enrolo um pano na cabeça (feito um tuareg) e coloco óculos escuros.
"Pelo menos assim, não sofro queimaduras".

Entro sorrateiro na cozinha, tática de guerra, andando meio agachado, feito índio.

À frente, a tampa de uma panela, servindo de escudo.

Rapidamente, num pulo de gato, alcanço o registro do gás, não sem antes me entricheirar atrás do escorredor de pratos, improvisado em uma mesinha de TV.

Rapidamente volto, me esgueirando pelos cantos da cozinha.

Espero a poeira abaixar.

Inspeciono a cozinha: toda salpicada de óleo, pedaços de coxinha foram parar dentro de copos, dentro do filtro, dentro de panelas, enfim, verdadeiras granadas de óleo detonadas.

Ainda tento resgatar algumas na gordura, agora morna.

Mordo.

Um caldo oleoso e horrível invade minha boca.

Argh!!!!

Puro óleo!

Forro o chão com jornais velhos.

Volto prá sala, com um copo de toddy e um sanduíche improvisado de restos de coisas da geladeira.

Dias depois, mesmo tendo feito uma faxina geral na cozinha, ainda encontro vestígios das granadas nos recantos da cozinha.

Já dizia o meu médico: "A gordura ainda vai acabar contigo"!