terça-feira, 13 de julho de 2010

GRITO SURDO

(por Luiz Henrique Prieto)


Ando pelas ruas, observando a paisagem ao redor.

Cenas urbanas.

Menino soltando pipa, mulher debruçada na janela (fofoca comendo solta), velhinhos jogando dama.

Paisagem bucólica, duma cidadezinha interiorana...

Redondamente enganado, meu amigo!

Descrevo as cenas que vejo, quase diariamente, numa metrópole com mais de 2 milhões de habitantes!

A diferença está no filtro.

Várias pessoas podem olhar uma mesma imagem e descrever dezenas, talvez centenas, de detalhes que passaram despercebidos pelos demais.

Registro fatos em fotos.

Às vezes, a íris funciona como o obturador da câmara fotográfica, registrando incessantemente, cada detalhe do cotidiano.

Ambulância do SAMU, estacionada em pleno horário de almoço, defronte a uma churrascaria famosa...

"Talvez estivesse socorrendo o pobre bovino que fora parar na brasa para saciar a fome dos humanos".

Viatura de Polícia, estacionada em frente a uma loja de peças para motos...

"Vai ver, ali funciona um desmanche e estão investigando"!

Outra viatura, dessa vez estacionada em frente a uma loja de ferramentas.

"Quem sabe a Polícia de Trânsito está mal equipada"?

Fora isso, iluminação pública funcionando 24 h por dia, em prédios federais, estações de metrô, obras públicas, áreas externas de centros de convenções ou mesmo nas vias públicas, ainda que o sol esteja a pino.

"Bom saber que estão cuidando direitinho da taxa de iluminação pública"!

Passeios esburacados, ruas mal tratadas, abusos e mais abusos.

Tem até Desembargador autorizando motorista a trafegar na contramão, violando a Lei bem nas fuças de um pobre mortal, pior ainda, nas barbas da “Indústria de Multas”, só para não ter que sujar o lindo sapatinho na porta do restaurante.

Reclamo.

Denuncio.

Grito.

Mas é um grito surdo, ninguém ouve.

Talvez o erro esteja nas escolas, que ensinam o tal ráuareiôu, que de nada nos serve.

Talvez, se ensinassem LIBRAS nas escolas, aí sim, um Pedro feito eu, conseguisse ser ouvido.

Desisto.

Troco o filtro.

Volto à paisagem bucólica, maravilhando-me com a natureza que insiste em sobreviver nessa Selva de Pedra...

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