quarta-feira, 7 de julho de 2010

ALÔ, ALÔ, MARCIANO...

(por Luiz Henrique Prieto)



Dia desses, li n’algum lugar, não lembro onde, pois minha memória anda demasiadamente fraca...


Hum...


Sobre o que mesmo eu ia dizendo?


Ah, tá !!!


Sobre E.T’s., Alienígenas.


Li em algum lugar que, se uma hora qualquer, um disco voador passasse sobre o Planeta Azul, certamente imaginaria que os trens, ônibus, carros e afins, seriam os verdadeiros habitantes do planeta e que se alimentavam, acreditem, de pessoas!


Sim!!!


Vistos de cima, os meios de transporte mais parecem gigantes famintos, insaciáveis e que sofrem de bulimia.


Afinal, não se cansam de engolir e vomitar os pobres humanos, seja noite, seja dia.


Meia hora esperando o ônibus, quase na hora do rush, área central de Belo Horizonte, tenho inúmeras opções.


Mas, teimoso que sou, insisto em esperar pela bendita criatura que virá me devorar.


Chega, piscando, faminto.


Arrasta-se, até parar, em definitivo.


Escancara as bocas laterais e vomita quase nada.


Curioso é que, a alimentação entra por um único compartimento, e sai por dois.

Talvez, se entrasse por dois e saísse por um, a voracidade da besta-fera estaria saciada.


Humanóides se acotovelam.


A cena me faz lembrar do tal Tokeru Kobayashi...


Kobayashi...o da Fórmula 1?


Claro que não, né? Porque desse aí, a gente só houve falar quando sai mer...cadoria!


É o tal comedor de hot dog.


Hum.


Melhor reescrever a frase.


Porque nesses tempos do "politicamente correto", dizer que um cara é comedor de hot dog pode soar como "bicha enrustida"!


Tudo bem!


O Tsunami, esse é o nome do japa, comeu nada menos que 53 hot dogs em 12 minutos!


Pegando a calculadora, temos: 1 hot dog a cada 13,28 segundos!


Como conseguiu a façanha?


Veja aí no YouTube.


Pesquise por Takeru Kobayashi e entenda como enfiar, literalmente goela abaixo, um hot dog em 13 segundos.


Usa as mãos, dedos, cotovelos, empurra daqui, empurra dali, até que finalmente, a guloseima chega ao esôfago!


Não tem YouTube?


Então vá para o ponto de ônibus no qual eu estava.


A única diferença entre Kobayashi e a Besta-Fera é o quitute: o japa alimenta-se de pão com salsicha, ao passo que o monstro metálico se alimenta de gente!


Ok, ok!


Alguns sem salsicha, vá lá...


A pobre velhinha, jogada de um lado para o outro, feito cachorro na Feira Hippie, mal consegue colocar os pés no primeiro dente, digo, no primeiro degrau.


A senhora, criança no colo, faz levitar o pequeno, elevando-o, sabe-se lá como, acima da cabeça dos demais.


Jovens estudantes, mancebos bonitos e garbosos ("esse, é prá casar"! Diriam as incautas moçoilas), promovem um empurra-empurra sem fim, quase levando as sacolas plásticas da dona-de-casa que caiu na besteira de fazer compras de supermercado justamente na hora que monstrengo sente mais fome!


Os gentis "cavaleiros", comportam-se feito verdadeiros cavalos!


Se caírem de quatro, basta apor-lhes as ferraduras!


Pensando melhor, é injusto maltratar os pobres cavalinhos.


Afinal, se bem tratados e treinados, são capazes das maiores proezas.


Que o digam os cavaleiros (de verdade), que ganham inúmeras provas de Hipismo graças à elegância, garbo, obediência, gentileza e RESPEITO que os eqüinos apresentam.


Predicados esses que deveriam valer para os moçoilos, no empurra-empurra do desespero, na pressa de serem deglutidos pelo dragão de metal, amassam idosas, dão cotoveladas em mulheres grávidas e ai daquele que lhe cruzar o caminho.


"É a lei do mais forte"! Ouço a já batida frase.


"Não", discordo, em pensamento. "É a lei do ignorante, do mal educado, do bípede racional"!


Isso!


Racional!


A razão fala mais alto que a emoção.


Prevalece a força do macho, sobre a fragilidade feminina.


Desisto.


Atravesso a rua, e vou embora a pé.

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