terça-feira, 29 de outubro de 2013

SEREIA


(by Luiz Henrique Prieto)


Bela morena, serena...

Alma pequena ?

Diria-te Etna, o siciliano vulcão.

Exteriormente adormecido, endurecido
Fervilha por dentro, em magma incandescente,
Prestes a explodir...

Cabelos longos negros, feito crina do mais belo puro-sangue,
Escorrem pelos ombros, emoldurando
Alva face de olhos cabisbaixos...

Que trazem consigo uma pequena centelha
Tal qual a que permanece viva,
Em meio às cinzas resultantes de lenha queimada
Esperando apenas uma leve brisa para avivá-la...

Tímida, acanhada...
Desafiou, seminua, Netuno e seu poderoso tridente...
Porém, nem mesmo o Deus das Águas resistiu...
Incólume e encantado, assistiu à mutação ninfa-sereia...

Que o digam as águas do mar...
Serelepes, lambiscam as belicosas pernas...

O sol, presunçoso pretendente, bem que tentou apoderar-se do teu corpo.
Porém, foi Netuno que, com um sopro leve e suave feito brisa,
Fez desaparecer, gotícula por gotícula, a salobre água-marinha
Que insistia em permanecer impressa em sua tez macia...

E, como se quisesse retribuir à sutil e ousada gentileza,
Teus pelos, inteiramente eriçados, compreenderam o chamado.
Quedou-se na areia, deixando-se devorar pelas ondas.

Corpo em espasmos, incontroláveis.
Desperta Etna, novamente para a vida,

Jorrando tua lava poderosa...


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