sexta-feira, 21 de maio de 2010

SONHO DE ÍCARO

(por Luiz Henrique Prieto)

Resumindo a história: Dédalo, pai de Ícaro, projetou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem.
Ficaram tão perfeitas, que confundiam-se com as verdadeiras, o que possibilitou a ambos escapar da prisão, decretada pelo Rei Minos.

No entanto, Ícaro ignorou as recomendações do pai, e voou cada vez mais alto, inebriado com a sensação de liberdade e poder.

No entanto, os raios do Sol derreteram a cera, e Ícaro despencou, num abismo sem fim.

Más influências.

Más companhias.

Um casamento conturbado.

A perda de um filho, no terceiro mês de gestação.

Princípio de infarte.

Depressão.

Advertência escrita no trabalho, por má conduta.

A intimidade devassada e gritada aos quatro ventos.

Vizinhos boquiabertos.

Vergonha.

O pesadelo das drogas assolando parentes próximos.

Projetos inacabados.

Vida sem rumo.

Creio eu que, a maioria das pessoas que passasse por pelo menos metade dos problemas acima elencados, veria-se arruínada, num poço sem fundo, ou envolta num lodaçal de areia movediça.

No entanto, esse Ícaro que escreve, deixou-se cair, em queda livre, sem tentar agarrar-se a qualquer coisa que lhe aparecesse no caminho.

E, quando achou que a queda jamais terminaria, surgiu uma mão delicada, que lhe fez pousar em sua palma.

A princício, a mão interrompeu a queda.

Mas, pouco a pouco, fez muito mais.

Fechou-se em concha, protegendo Ícaro de toda a sorte de maldades que quisessem lhe atingir.

Ícaro perdeu a noção do tempo e do espaço.

Não sabe ao certo quanto tempo permaneceu protegido, pela mão em concha.

Mas tem certeza que foi o suficiente para recuperar, ainda que de maneira frágil, a firmeza do corpo e da alma.

Foi o suficiente para tentar colocar-se de pé.

Primeiro, de joelhos.

Depois, levantando vagarosamente, até que o corpo se aprumasse.

Mas ainda sente que os joelhos estão fragilizados, mal suportando o peso do corpo.

Então, curva-se, como um ancião, apoiado em uma bengala.

Graças à medicina humana e ao tratamento oferecido pelos anjos, Ícaro vem recuperando, dia a dia, a confiança para voltar a ter os pés no chão e os sonhos no Alto.

"Como é que você reage às quedas que sofre na vida?
Como é que você administra os fracassos?
Não há receitas mágicas que nos façam vencer os obstáculos.
Mas ouso dizer que há um jeito interessante de olhar para as quedas que sofremos.
É só não permitir que elas sejam definitivas.
É só não perder de vista a primavera que o outono prepara.
Administre bem os problemas que você tem, não permita que o contrário aconteça.
Se você não administrá-los, eles administrarão você.
Deus lhe quer vencedor, a vitória já está preparada feito o presente que está embrulhado e que precisa ser aberto.
Não perca tempo!
Já começou vencer aquele que se levantou para recomeçar o caminho".

(...) O teu Deus te espera, quer fazer primavera, do inverno que é teu!

Levanta-te !

(O trecho em itálico faz parte da canção "Levanta-te", de autoria do Pe. Fábio de Melo)

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