terça-feira, 11 de maio de 2010

O PODER DA AUTORIDADE

“O poder da autoridade...se pode não faz questão”. (Gilberto Gil - Nos barracos da cidade)

“A polícia apresenta suas armas: escudos transparentes, cassetetes, capacetes reluzentes e a determinação de manter tudo em seu lugar”. (Os Paralamas do Sucesso – Selvagem)

Pois é...

Dia desses, enquanto realizávamos mais uma “Campanha do Pãozinho” (projeto do “Grupo Fraterno Amigo Presente”, através do qual, toda sexta-feira é oferecido um lanche à população de rua que vive no hipercentro de BH), deparamos com uma situação inusitada: quando nos aproximamos de uma dessas “pessoas invisíveis” (explico isso melhor nas minhas aulas de Ética e Cidadania, mas brevemente, postarei a esse respeito), que estava tranqüilamente (se isso for possível para um pobre-diabo) deitado, ao lado da porta de uma padaria, ali pelas bandas da Av. Olegário Maciel, um policial militar saiu, enfurecido, na porta do estabelecimento e disse o seguinte: “Se vocês forem dar alguma coisa pra ele, tirem ele daqui e levem pra outro lugar”. (sic)

Tomamos um baita susto!

Ora, como proceder diante de algo tão absurdo?

Não passamos de meros voluntários, tentando levar um pouco de alento e de alimento aos “invisíveis”!

Ora, pois!!!

Um dos nossos colegas explicou, educadamente, que não tínhamos autoridade para remover o pobre-diabo dali.

O andarilho, talvez encorajado com a nossa presença, fincou pé e disse que não sairia mesmo.

O PM, educadamente: “Cê vai sair numa boa ou vai ter que ser de outro jeito?” (sic)

O andarilho: “Não saio, não saio, não saio!”

O PM, revoltado, dirigindo-se ao nosso Grupo: “Tá vendo o tipo de gente que vocês sustentam? E ainda tiram a autoridade policial!” (sic)

Criou-se um impasse: alimentar ou não aquele que representava um estorvo para a sociedade?
Vendo a nossa indecisão, o colega que tornou-se o porta-voz do Grupo, disse ao PM: “Meu amigo, o senhor ali deitado não está fazendo nada de errado!”

O PM, indignado: “Tá sim! Tá fedendo, todo imundo! E tá atrapalhando os clientes (da padaria) e eles tem o direito de comer em paz!” (sic)

Nosso porta-voz: “Pois é. E ele tem o direito de ir e vir!”

O PM quase voou na goela do nosso colega.

Esbravejou, citou vários artigos (inventados por ele, é claro) da Constituição Federal, e do Código Penal, tentando nos intimidar, mas deu com os burros n’água!

Nosso porta-voz: “Amigo, calma aí que o meu irmão é Capitão da PM. Sei tanto ou mais sobre leis do que você!”

A palavra “Capitão Fulano de Tal” soou como um soco na boca do estômago do impertinente PM!

Tanto é, que ele foi do rubro ao branco numa fração de segundos!

Aproveitando a deixa, nosso colega completou: “Jesus disse: fazei o bem, sem olhar a quem! Dai de comer a quem tem fome!”

Não sei se para livrar o PM de um constrangimento maior, ou se, realmente havia uma ocorrência em andamento, mas o fato é que, rapidinho, saíram da padaria mais três PM’s, tirando dali o “gentil” soldado.

Porque tal fato me levou a escrever esse post?

Fiquei curioso com a atitude imponente e enérgica do policial.

Será que o andarilho estava mesmo incomodando os clientes?

Ou será que atrapalhamos o “serviço de segurança privada” que a guarnição supostamente prestava ao estabelecimento?

Sim, SEGURANÇA PRIVADA!

É notório e público, e o diretor de “Tropa de Elite” retratou de maneira fiel, essa triste realidade, que alguns comerciantes dão pequenos “agrados” aos policiais em serviço, em troca de uma “atenção especial” dessa ou daquela guarnição.

Não acreditam?

Pois dêem uma olhada melhor no comércio de sua região!

E observem se não existem PM’s dando proteção a determinados comerciantes.

Infelizmente, esses “agentes de segurança pública” (obviamente, uma pequena parcela), vende proteção especial, em troca de um lanchezinho aqui, uma cervejinha acolá.

E nós, pobres trabalhadores que não têm condições de dar uma propinazinha aos “homens da Lei”, como ficamos?

Já dizia o “Jovem”, personagem rebelde de Chico Anísio: “Ó, ó, com cara de bundão!”

O fato é que, naquele momento, prevaleceu a hierarquia das Leis.

A Lei Divina sobrepujou a Lei dos Homens.

O Policial Militar, investido de Autoridade Policial.

Nós, investidos de Autoridade Divina!

Sim, meus caros...

Somos PORTADORES DE DEUS!

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