terça-feira, 5 de outubro de 2010

SENTIMENTOS

(by Luiz Henrique Prieto)


Às vezes, apostamos no alheio, na esperança de fazer surgir ali algo forte, puro, verdadeiro.

Começa com uma troca de olhares.

Depois vem um despretensioso "oi".

Daí a pouco, os diminutivos.

Surge a necessidade, quase cotidiana, de dar ou receber algo de bom ao outro.

Como num flerte juvenil.

Feito antigamente, quando namoro entre crianças limitava-se a andar de mãozinhas dadas.

A expressão máxima do amor era representada por um abraço sincero, regado a beijo estalado na bochecha.

Amor infantil, puro, verdadeiro.

Sem coisas materiais.

Sem posses ou cobranças.

Apenas a feliz necessidade de estar ao lado de quem se gosta.

E o gostar, não raras as vezes, confunde-se com amar.

Embora o amor, na sua máxima plenitude, esteja muito acima do amor adâmico, amor carnal, amor homem-mulher.

Amar.

Querer o bem alheio, incondicionalmente.

E por medo de amarmos infantilmente, estragamos uma possível bela amizade.

O olhar alheio e a língua ferina dos mal amados, aliados ao filtro errado, certamente produzirão naquele casal de crianças a falsa impressão de um romance libidinoso.

Às vezes, somos traídos, pegos de surpresa, pelos próprios sentimentos.

Pernas trêmulas, coração aos pulos, nó na garganta.

Amor?

Sim!

Amor-essência, entre estranhos que até então, mal se conheciam.

Mas que descobrem, casualmente, outras maneiras de despertar novas sensações.

Passada a adrenalina do pré-encontro, vem a sensação de estar nas nuvens.

E, como num ciclo vicioso, a necessidade do bem estar aumenta cada vez mais.

Vicioso, como endorfina.

Injetada na veia, a boa sensação surge, quase que instantaneamente, como num abraço.

Infelizmente, o efeito não é duradouro.

Daí, a necessidade absurda de doses cada vez mais intensas.

E, como em todo vício, quando a substância principal é retirada, vem a abstinência.

Alguns sobrevivem, outros não.

Muitos sofrem, em demasia.

Poucos buscam novas fontes de obtenção do prazer.

Raros os que apenas sorriam, ainda que um sorriso triste, ante a incompreensão.

E seguem, em frente...

"Caí, no chão não fiquei.
Me vergo, suporto, levanto.
Sou forte, sou feito
Madeira de Lei".

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