segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

SONHO DE ÍCARO II


(by Luiz Henrique Prieto)


Tempos atrás, inventei de imitar Ícaro...
E voei o mais alto que pude, sonhando tocar as estrelas.

Mas, quando estava no alto, bem lonjão...PLOFT!

A cera derreteu e, caindo a uma velocidade vertiginosa, me estabaquei no chão.

Tomei trauma de voar.

Fiquei um bom tempo rastejando, enquanto os ossos do corpo, esmigalhados na queda, eram pacientemente reconstituídos.

Engatinhei.
Me pus de joelhos.
Me ergui, lentamente.

E quando a postura estava mais ereta e havia firmeza nos ossos, reaprendi a caminhar, pé ante pé.

Depois corri.

E agora descobri que perdi o medo de voar novamente.

Estou nas alturas, planando.

Feito ave, sentindo a brisa beijar o meu rosto.

O sol me aquece e me encoraja a subir mais e mais.

A lua parece querer me desafiar, como se desejasse roubar as estrelas todas para si.

Sei que posso alcançá-las, tocá-las.

Mas há um complô Sol-Lua, criando ardis para que eu me encante com o brilho das estrelas e tenha as asas novamente derretidas e despenque mais uma vez.

Tsc, tsc...

Mal sabem que hoje sou feito de um material mais resistente.

E, ainda que caia, não vou me estabacar no chão, pois aprendi mil e um truques sobre como fazer suaves pousos de emergência.

Mesmo que caia, tentarei mais uma vez.

E mais outra.

Até conseguir minha estrela.

Pois sou um incansável sonhador.



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